Agências das Nações Unidas e o Sindicato dos Jornalistas da Guatemala condenaram o recente assassinato dos comunicadores Laurent Castillo e Alfredo De León, ocorrido nos canaviais de Suchitepéquez, no sul do país. Os dois corpos foram encontrados com as mãos e os pés atados e um tiro na cabeça.
Em comunicado conjunto, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos denunciaram a repetição de uma tragédia anunciada. No ano passado foram assassinados 11 profissionais de imprensa na Guatemala. “É preocupante a situação da liberdade de expressão e da segurança dos jornalistas no país. A democracia se mede também a partir do espaço para exercer um jornalismo livre e independente, assim como a garantia de proteção para os seus profissionais”, frisa o documento.
A entidade dos Jornalistas afirmou que está “indignada e profundamente consternada pelo vil assassinato” e denunciou que os cadáveres foram “achados nos canaviais com sinais de tortura e amordaçados”. Tais práticas, recorda a APG, repetem “os mesmos procedimentos tão conhecidos no conflito armado interno, de perseguição, agressão e assassinato”.
Conforme as organizações de direitos humanos, a deposição do presidente nacionalista Jacob Árbenz, em 1954, por defender a reforma agrária, confrontando, os interesses da multinacional United Fruit “ainda está bastante vivo na memória popular”. Afinal, um golpe militar patrocinado e armado pelos Estados Unidos – com a participação israelense – e os sucessivos marionetes impostos por Washington custaram ao país centro-americano mais de 250 mil mortos e desaparecidos. Há estudos que apontam 400 mil vítimas das matanças, torturas, estupros em massa e mutilações. Atualmente, devido à concentração de terras, 60% da população não recebe sequer os nutrientes mínimos para a manutenção da sua saúde.
Muitos profissionais têm pago caro por auxiliarem a população a refletir sobre os desmandos do governo. Após intensa pressão e mobilização, em meados de janeiro foi detido o deputado oficialista Julio Juárez, acusado de ser o autor intelectual do assassinato dos jornalistas Danilo López, do diário Prensa Libre, e do repórter Federico Salazar, da Rádio Nuevo Mundo, ocorrido em março de 2015.