
“Em um momento próximo, o presidente vai substituí-lo”, declarou Mourão.
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta terça-feira (14), em entrevista à GloboNews, que não é bom as forças estarem dentro do governo. “Não queremos trazer as forças, efetivamente, para dentro do governo. Nós não queremos a política indo para dentro dos quartéis e a discussão ‘eu apoio o presidente’, ‘eu sou contra o presidente’, independentemente de ele ser um militar, um antigo militar ou não”, afirmou.
Mourão afirmou também que “política dentro de quartel não é algo que seja saudável” para o que ele vê como “pilares” das Forças Armadas: “hierarquia e disciplina”. O vice-presidente disse, então, que o governo tem tentado “deixar muito claro” que há separação entre as Forças Armadas e o Poder Executivo.
Segundo o vice-presidente, “tudo indica” que o presidente Jair Bolsonaro substituirá o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, em um “momento próximo”.
“Ele [Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo] compreendeu que o ciclo dele dentro da força havia se esgotado […] e que era o momento de ele passar para a reserva, que para nós, que fomos soldados a vida de inteira, é um momento doloroso. Já o caso do Pazuello é diferente, ele é interino. Está há dois meses no cargo. Tudo indica que, em um momento próximo, o presidente vai substituí-lo”, declarou Mourão.
Já Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (15) que Eduardo Pazuello está no lugar certo”. “Quis o destino que o Gen Pazuello assumisse a interinidade da Saúde em maio último. Com 5.500 servidores no Ministério o Gen levou consigo apenas 15 militares para a pasta. Grupo esse que já o acompanhava desde antes das Olimpíadas do Rio. Pazuello é um predestinado, nos momentos difíceis sempre está no lugar certo para melhor servir a sua Pátria. O nosso Exército se orgulha desse nobre soldado”, disse Jair Bolsonaro.
No último fim de semana, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a situação do Ministério da Saúde não era boa para o país. Ele disse que o Exército estaria, com a presença de um general da ativa à frente do órgão, se associando a um “genocídio” na gestão da pandemia. Nesta quarta (14), Gilmar afirmou em nota que respeita as Forças Armadas, mas que não cabe aos militares formular políticas públicas de saúde, ainda mais em um momento de pandemia. Diante da declaração do fim de semana, o Ministério da Defesa protocolou uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR) contra Gilmar Mendes.
Mourão comentou também dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre desmatamento. O sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do órgão registrou recorde nos alertas de desmatamento em junho. Ele teve que admitir que há um crescimento do desmatamento no país. “Não negamos que no ano passado houve um aumento, digamos assim, fora da curva das ilegalidades. O que acontece é que o Ricardo Salles entrou em choque com a estrutura estabelecida dentro do ministério”, comentou Mourão.
Ele comentou a carta assinada por ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central na qual eles defenderam retomada da economia com preservação ambiental. Para Mourão, a carta contém pontos “extremamente pertinentes”. A Amazônia registrou 1.034,4 km² de área sob alerta de desmatamento em junho, recorde para o mês em toda a série história iniciada em 2015. No acumulado do semestre, os alertas indicam devastação em 3.069,57 km² da Amazônia, aumento de 25% em comparação ao primeiro semestre de 2019.