O Ministério Público Eleitoral de São Paulo denunciou nesta quinta-feira (23) o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) por receber irregularmente R$ 11,3 milhões da Odebrecht durante as eleições de 2010 e 2014, quando foi eleito e reeleito para o Palácio dos Bandeirantes.
O MP afirma que o ex-governador cometeu crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral, o chamado caixa dois de campanha. Os pagamentos da campanha de 2010, segundo os promotores do caso, aconteceram entre 28/07/2010 e 02/11/2010, por meio do departamento de Operações Estruturadas da construtora, nome formal do setor da empreiteira responsável por operacionalizar pagamentos de propina e caixa dois a políticos de vários partidos.
Já na campanha de 2014, quando o tucano concorreu à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes, quem operacionalizava o recebimento das propinas, segundo o MP, era o tesoureiro do PSDB, Marcos Antonio Monteiro. Entre o período de 10/04/2014 e 29/10/2014, a denúncia diz que a Odebrecht repassou R$ 9,3 milhões para Geraldo Alckmin, por meio de Monteiro, que aparece nas planilhas com o codinome de “Salsicha, M&M ou MM Partido”.
Além do ex-governador de SP, o MP paulista denunciou à Justiça Eleitoral o ex-tesoureiro do PSDB, Marcos Monteiro, o ex-assessor Sebastião Eduardo Alves, além do doleiro Álvaro Novis e seis executivos e funcionários da Odebrecht: Benedicto Barbosa Júnior, o BJ; Arnaldo Cumplido, Maria Lúcia Guimarães Tavares, Fernando Migliaccio e Luiz Eduardo da Rocha Soares.
A defesa de Geraldo Alckmin, que se afastou da coordenação da campanha para a prefeitura de São Paulo, lamentou a denúncia oferecida pelo Ministério Público e negou que tenha recebido dinheiro não contabilizado durante campanha eleitoral, conhecido como caixa 2. O advogado do tucano também afirmou que Alckmin nunca foi procurado pela polícia para responder às acusações da denúncia.
“Geraldo Alckmin, por meio de sua defesa, lamenta a denúncia oferecida, pois jamais foi procurado pelas autoridades policiais para se manifestar a respeito dos fatos. As apressadas conclusões do inquérito são infundadas e não encontram suporte nos fatos. Por isso, confiante na Justiça, responderá aos termos da denúncia, seguro de que não praticou qualquer ilícito, até porque nunca recebeu valores a título de contribuição de campanha eleitoral que não tenham sido devidamente declarados. Nem, tampouco, praticou qualquer ato de corrupção durante mais de 40 anos de vida pública”, afirmou a nota.