O ex-governador Agnelo Queiroz (PT) foi alvo de uma operação do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), deflagrada na manhã desta quinta-feira (23), que investiga o suposto pagamento de propina na contratação de leitos para a rede pública de saúde do Distrito Federal.
De acordo com o MPDFT, Agnelo e o ex-secretário de saúde do DF, Rafael Barbosa – nos cargos públicos entre 2010 e 2014 – receberam indevidamente R$ 462 mil, valor que corresponde a 10% dos R$ 4,6 milhões referentes ao contrato.
Durante a operação, os policiais apreenderam uma mala com dinheiro em endereço ligado à Adriana Aparecida Zanini, vice-presidente do Instituto Brasília Para o Bem-Estar do Servidor Público (IBESP). O MP apontou ainda que os valores pagos teriam sido transferidos para o instituto coordenado por Zanini. A quantia apreendida não havia sido divulgada até última atualização desta reportagem. Ao todo, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em endereços da capital.
De acordo com a apuração, para “camuflar a propina”, uma empresa teria firmado um contrato fictício de publicidade e marketing com o IBESP. O pagamento teria ocorrido em 2014.
A apuração é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, com apoio da Polícia Civil. A força-tarefa foi batizada de “Alto Escalão” e é um desdobramento da Operação Checkaut, de 2018, que já apurava esquema ilícito em contratos da Secretaria de Saúde.
A colaboração nas investigações ocorreu após a Operação Checkout. No caso, o MPDFT apontou que o governo teria aplicado R$ 4,62 milhões na compra de mobiliário sem justificar a necessidade. Além disso, servidores teriam recebido pacotes turísticos como contrapartida para ilícitos.
Na casa do ex-governador, a polícia apreendeu uma arma que estaria sem registro. Por conta disso, Agnelo foi conduzido para delegacia. Ele foi liberado no final da manhã após pagar fiança de R$ 2 mil. A defesa de Agnelo disse que ele está “convicto e seguro de que não cometeu qualquer ilícito penal”. Já os advogados de Adriana Zanini afirmaram que repudiam “quaisquer acusações, insinuações ou ilações sobre seu suposto envolvimento com o Instituto Brasília para o Bem-Estar do Servidor Público (IBESP)”. Os demais envolvidos também negaram qualquer irregularidade.
Em janeiro deste ano, o ex-governador foi condenado, também por improbidade administrativa pela inauguração do Centro Administrativo do DF, o Centrad, em Taguatinga.
O evento ocorreu no último dia de mandato em dezembro de 2014. Até abril do ano passado, as empresas alegavam já ter gasto mais de R$ 1,5 bilhão com o prédio, que não foi inaugurado por irregularidades em alvarás. Há cerca de oito meses, o GDF teria que pagar R$ 724 milhões ao consórcio para assumir o local.