A ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), pré-candidata a prefeita de Porto Alegre, afirmou que “a política de passar a boiada realizada por Ricardo Salles [ministro do Meio Ambiente] e o governo Bolsonaro está destruindo o meio ambiente”, ao comentar o crescimento do número de incêndios florestais no pantanal.
“Absurdo! A política de passar a boiada realizada por Ricardo Salles e o governo Bolsonaro está destruindo o meio ambiente brasileiro. Desde o início do ano foram registrados 3.415 focos de incêncio no Pantanal, o maior número desde 1998! #foraSalles“, escreveu.
Na reunião ministerial de 22 de abril, divulgada com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Salles afirmou que era o momento de aproveitar a pandemia, e já que a imprensa estava ocupada com isso, para desrespeitar a legislação de proteção ao meio ambiente com decretos e “passar a boiada”.
Então, para isso, precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de Covid e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas. De IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), de ministério da Agricultura, de ministério de Meio Ambiente, de ministério disso, de ministério daquilo. Agora é hora de unir esforços pra dar de baciada a simplificação”, disse o ministro, conforme a transcrição disponibilizada pelo STF.
Salles prossegue, afirmando que o governo federal “não precisa de Congresso”, ainda mais “nesse fuzuê”, provavelmente referindo-se à falta de base de apoio ao governo. E sugere: “Agora tem um monte de coisa que é só, parecer, caneta, parecer, caneta. Sem parecer também não tem caneta, porque dar uma canetada sem parecer é cana. (…) Isso aí vale muito a pena. A gente tem um espaço enorme pra fazer”.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os incêndios no bioma são os maiores dos últimos 22 anos, chegando a 3.415 focos de incêndio desde o começo do ano. O aumento foi de 190% em relação ao mesmo período de 2019.
No Brasil, o pantanal abrange os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A cidade mais afetada está sendo a de Corumbá (MS), com 2.423 focos de incêndio.
O número de pacientes com problemas respiratórios causados pela fumaça cresceu 20% na cidade. Segundo jornais da região, uma nuvem de fumaça está cobrindo a cidade, obrigando seus moradores a ficarem de portas e janelas fechadas.
Na quinta-feira (23), o governo de Mato Grosso do Sul pediu apoio para combater os incêndios junto ao governo federal.
Na Amazônia, o desmatamento em junho foi o maior dos últimos cinco anos, segundo o sistema Deter, do Inpe. Ele alertou para o desmatamento em 1.034,4 km² durante o mês.
De janeiro a junho, o desmatamento da região foi 25% maior do que no mesmo período de 2019, que já foi recorde.
O governo Bolsonaro, porém, não tem agido no sentido de diminuir o desmatamento de qualquer bioma, que tem crescido durante a pandemia.
Em abril, o diretor de Proteção Ambiental, Olivaldi Borges Azevedo, foi exonerado de seu cargo logo depois de ter feito uma megaoperação para parar o garimpo ilegal na Amazônia.
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