Com três meses de salários atrasados, os funcionários do Serviço Móvel de Urgência (Samu) do Rio de Janeiro decidiram entrar em greve.
Os profissionais fizeram um protesto em frente à base do Caju, na Avenida Brasil, na quinta-feira (30), quando anunciaram a paralisação.
Em plena pandemia do coronavírus, trabalhando exaustivamente e com grande risco de contaminação, os trabalhadores relatam que estão passando necessidade e já não têm mais nem como alimentar a família.
Os funcionários estão sem receber desde que o governo do estado suspendeu o repasse à Organização Social responsável pela administração do serviço, devido a uma auditoria no contrato. A OS OZZ Saúde está sendo investigada por diversas irregularidades, entre elas a de praticar sobrepreço.
Segundo nota da OZZ, o governo descumpriu a liminar do Juízo da 3ª Vara Trabalhista, e não depositou os valores referentes aos salários atrasados. A empresa afirma que o dinheiro deveria ter sido depositado na sexta-feira, dia 24, e o próprio judiciário faria o pagamento aos trabalhadores.
O fato é que, em meio à briga entre o governo e a Organização Social, contratada pelo próprio executivo estatual, os trabalhadores da Saúde é que sofrem as consequências.
“A gente não está parando porque quer. A gente está parando porque não tem condições de ir trabalhar sem receber salário. Estamos cotizando e pedimos ajuda do Sindicato dos Enfermeiros para enviar uma cesta básica para os colegas. A situação é desesperadora”, diz.
Outro profissional relata, em entrevista ao Diário do Rio: “Hoje, por exemplo, estou saindo de um plantão de 24 horas, onde só comi um pão com manteiga e um café, oferecido na casa de um paciente. Sem salário, a gente está ficando sem comida em casa, sem condições de trabalhar. Isso abala muito a gente psicologicamente”.
Segundo outra enfermeira, o protesto da quinta-feira visava chamar a atenção para a situação de abandono que os profissionais do Samu estão passando.
”A gente está tentando manter o serviço. Mas, sem salário, muita gente está faltando. Sem repasse, a empresa também não consegue fazer a manutenção das ambulâncias, comprar medicamentos e insumos. Tem base na qual a única ambulância disponível está quebrada. Até a suspensão dos repasses, a gente recebia salário, vale de refeição e de transporte. Agora, não tem nada. Alguém tem de nos socorrer”, disse ela.