Facebook volta atrás e acata decisão do STF contra criminosos digitais

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Foto: Nelson Jr - SCO - STF

Milicianos bolsonaristas tinham mudado seus perfis falsos para o exterior para burlar a Justiça

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes conseguiu que o Facebook bloqueie as fake news de milicianos digitais que ameaçam personalidades brasileiras. Inicialmente o Twitter havia obedecido a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), mas o Facebook, não. Moraes aplicou inicialmente uma multa diária de R$ 20 mil e, na sexta-feira (31), como a empresa não obedeceu a ordem, ele elevou para R$ 100 mil por dia.

Os criminosos, que haviam sido bloqueados no Brasil, mudaram seus domínios para fora do país e voltaram a ameaçar membros do Judiciário e do Congresso Nacional. Moraes afirmou que a suspensão apenas “parcial” das contas e perfis caracteriza descumprimento da ordem judicial. “A suspensão – repita-se, em relação a fatos pretéritos – deve ser total e absoluta, configurando-se descumprimento a permissão dada pelo provedor implicado para a continuidade de divulgação das contas bloqueadas no Brasil, a partir de acessos em outros países”, diz o texto do STF.

“Ou seja, em momento algum se determinou o bloqueio de divulgação no exterior, mas o efetivo bloqueio de contas e divulgação de suas mensagens ilícitas no território nacional, não importando o local de origem da postagem.” O ministro completa essa explicação dizendo que o “descumprimento doloso” (intencional) da ordem judicial indica a “concordância com a continuidade do cometimento dos crimes em apuração”, conclui Alexandre de Moraes.

O STF pediu então para que as plataformas retirassem do ar também esses domínios no estrangeiro. Alexandre de Moraes explicou que não era uma ação que interferia na legislação de outros países, mas sim uma proibição que esses perfis, na maioria falsos, fossem acessados dentro do Brasil.

Na própria sexta-feira, quando as multas já somavam R$ 1,92 milhão por oito dias de desobediência da decisão judicial, os perfis e as fake news foram retiradas do ar pelo Facebook. Moraes, relator no STF de um inquérito sobre disseminação de fake news e ofensas a autoridades, também havia determinado a intimação pessoal do presidente do Facebook no Brasil – identificado no documento como Conrado Leister.

Em maio, o grupo já tinha sido alvo de busca e apreensão autorizada pelo ministro, em desdobramento do inquérito. Moraes chegou a pedir o bloqueio das contas naquele momento, mas as redes sociais afirmaram que o pedido era “genérico” e não trazia, com precisão, quais contas deveriam ser derrubadas.

São alvos do inquérito e do bloqueio das contas:

Roberto Jefferson, ex-deputado e presidente nacional do PTB

Luciano Hang, empresário

Edgard Corona, empresário

Otávio Fakhoury, empresário

Edson Salomão, assessor do deputado estadual de São Paulo Douglas Garcia

Rodrigo Barbosa Ribeiro, assessor do deputado estadual de São Paulo Douglas Garcia

Bernardo Küster, blogueiro

Allan dos Santos, blogueiro

Winston Rodrigues Lima, militar da reserva

Reynaldo Bianchi Júnior, humorista

Enzo Leonardo Momenti, youtuber

Marcos Dominguez Bellizia, porta-voz do movimento Nas Ruas

Sara Giromini

Eduardo Fabris Portella

Marcelo Stachin

Rafael Moreno

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