Estão abertos os Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang e, no momento mais aguardado da abertura, sob emocionados aplausos de mais de 30 mil pessoas de pé, a delegação única das duas partes da Coreia ingressou no Estádio Olímpico sob a bandeira da reunificação, com a silhueta da península coreana azul turquesa sobre fundo branco. Também os atletas levavam bandeirinhas brancas e azuis e acenavam sorridentes de volta para o público.
A honra de empunhar a bandeira da delegação intercoreana coube conjuntamente à jogadora de hóquei no gelo, Hwang Chung Gum, do norte, e a Yunnjong Won, atleta de bobsled, do sul. Quase 3 mil atletas de 93 países vão competir em 15 esportes de inverno, em busca de 102 medalhas de ouro nos próximos 18 dias. O Brasil participa com 10 atletas.
Outro momento tocante da cerimônia foi quando uma atleta do norte e outra do sul levaram juntas o fogo olímpico até o topo do estádio, culminando na campeã olímpica de 2010, Yuna Kim, acendendo a pira. Nesse mesmo espírito, dezenas de pessoas com “lamparinas” acesas formaram uma pomba da paz no centro do estádio. Também foi interpretada com muito sentimento a canção Arirang, que é considerada o hino não oficial da Coreia reconciliada.
O norte está participando com 22 atletas em esportes, além de uma simpática torcida e apresentações culturais e esportivas. A equipe de hóquei feminino é intercoreana. A televisão do mundo inteiro mostrou o histórico aperto de mão trocado pelo presidente sul-coreano, Moon Jae-inn, e Kim Yo Jong, irmã do líder da Coreia Popular, Kim Jong Un, e dirigente do PTC, que faz parte da comitiva de alto nível de Pyongyang, ao lado do presidente da Assembleia Nacional Popular Suprema do norte, Kim Yong Nam.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, saudou o desfile conjunto intercoreano como manifestação do “poder unificador do esporte”. Em seu discurso na abertura, o presidente do sul, Moon, afirmou que os Jogos Olímpicos de PyeongChang começaram “com esperança de paz do mundo inteiro”. “Foi com um desejo ardente que o povo da Coreia, a única nação dividida do mundo, aspirou sediar os Jogos de Inverno”.
DELEGAÇÃO BRASILEIRA
Das delegações menores, o Brasil foi uma das mais aplaudidas. O porta-bandeira brasileiro, Edson Bindilatti, do time de bobsled, disse que a entrada da delegação conjunta coreana emocionou a todos. Bindilatti também falou da grande emoção que sentiu e da honra de conduzir a bandeira brasileira na solenidade de abertura dos Jogos. 169 atletas russos tiveram de marchar sob a bandeira olímpica, já que continua a perseguição à Rússia por parte de Washington por ter se reerguido e se recusar a ser vassalo, o que vai das fábulas sobre encobrimento de doping com whisky Chivas até o “Russiagate”
A iniciativa de tornar os Jogos Olímpicos em um momento de isolamento das manobras do governo Trump para levar a guerra à península coreana partiu do líder norte-coreano Kim Jong Un, em seu discurso de ano novo, e foi prontamente acolhida pelo presidente sul-coreano Moon, que era chefe de gabinete do então presidente Roh Moo-hyun, quando este foi a Pyongyang pela reconciliação se reunir com Kim Jong Il.
Nação milenar, a Coreia vem sendo artificialmente mantida dividida pela ocupação dos EUA há mais de 70 anos, e as ameaças de guerra recrudesceram com a chegada à Casa Branca de Trump, o presidente “meu botão nuclear é maior que o seu”. Na tribuna, o vice Mike Pence parecia muito incomodado com a reconciliação coreana, mas para consolá-lo um pequeno grupo ficou nas imediações do estádio com bandeiras dos EUA, de Israel e do sul.
ANTONIO PIMENTA