Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (5) que “não dá” para prorrogar o auxílio emergencial de R$ 600 até dezembro a trabalhadores que perderam renda por causa da pandemia da Covid-19. Com o fim do auxílio, o governo lançará milhões de brasileiros na miséria. Foi a ajuda financeira no valor R$ 600, só existente por empenho do Congresso Nacional, que impediu que a economia já estagnada e agravada pela pandemia ficasse em situação ainda pior.
Pela manhã, Bolsonaro disse que não dava para continuar com o auxílio de R$ 600. “Não dá para continuar muito porque por mês custa R$ 50 bilhões”, disse a apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada. “Vão arrebentar com a economia do Brasil”, declarou sobre a ajuda a milhões de brasileiros diante da maior crise sanitária do país e de uma economia colapsada.
Durante a semana, integrantes da equipe econômica deram indícios de que o auxílio emergencial seria estendido até dezembro, mas reduzido para R$ 200, valor defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, desde o início das discussões do auxílio no início da pandemia, em março.
Em entrevista à Rádio Banda B de Curitiba, nesta quarta-feira (5), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que acredita que o auxílio emergencial será prorrogado até o final do ano. E destacou que qualquer mudança na lei terá que passar pelo Congresso.
“Pela lei que aprovamos, possibilita a prorrogação até o fim do período de calamidade pública permanecendo o mesmo valor. Mas, se for reduzir, o governo terá que encaminhar o projeto ao Congresso”, disse Rodrigo Maia.
Governo era contra o benefício de R$ 600 desde o início
O auxílio emergencial de R$ 600 foi criado em abril, por meio de uma lei aprovada pelo Congresso Nacional, que previa inicialmente que o auxílio fosse pago a trabalhadores informais, desempregados e famílias de baixa renda, podendo ser duplicado para mães solteiras, por três meses. A lei autoriza a possibilidade de prorrogação do benefício pelo Poder Executivo. De abril a agosto, R$ 254,4 bilhões, concedidos através deste auxílio, garantiram que brasileiros pudessem sobreviver durante a pandemia e que movimentassem um pouco a já combalida economia.
Bolsonaro, que era contra o auxílio no valor de R$ 600, sancionou a lei, mas vetou a extensão da ajuda à diversas categorias de trabalho. Além disto, o governo fez milhões de brasileiros que tinham direito ao benefício esperarem por meses o pagamento da primeira parcela do auxílio. Foram vários entraves criados pelo governo para dificultar o acesso ao benefício, como invenção de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para a liberação do recurso, alegação de “entraves técnicos”, um aplicativo que não funcionava e cobrança de CPF regularizado, por exemplo.
A cobrança de CPF regularizado fez com que as pessoas, em meio à pandemia, virassem a madrugada em filas na frente de agências da Caixa Econômica Federal e sedes da Receita Federal no desespero de receber o auxílio de R$ 600 ou R$ 1.200, para as mães chefes de família.
Bolsonaro e Guedes tentaram reduzir o auxílio de R$ 600 que foi prorrogado por mais 2 meses
Findado os três meses, o auxílio foi estendido por mais dois meses, após pressão da sociedade. Antes disso, Bolsonaro e Guedes tentaram reduzir a ajuda e foram rechaçados pelo Congresso Nacional. Na época desta discussão, Rodrigo Maia afirmou que o custo de não renovar o auxílio emergencial de R$ 600 era maior do que o de renovar.
“A gente sabe que tem um custo, mas custo maior é não renovar. A gente sempre faz a pergunta de quanto custa renovar. A gente tem que fazer outra pergunta. Quanto custa não renovar para milhões de brasileiros que da noite para o dia ficaram sem renda e continuarão sem renda nos próximos meses?”, questionou o presidente da Câmara.