O Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) vendeu ações da companhia Vale no valor de R$ 8,3 bilhões, na terça-feira (4). A operação foi realizada através da Bolsa de Valores (B3) e representa a alienação de 2,6% do total de ações da empresa, reduzindo a participação do banco estatal na Vale, privatizada em 1997, de 6,1% para 3,5%. Foram vendidas cerca de 137 milhões de ações da companhia.
A Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, encerrou o segundo trimestre com um lucro de R$ 5,3 bilhões, impulsionado pelas compras pela China. O lucro acumulado no semestre foi de R$ 6,2 bilhões.
Em plena pandemia, o governo acelera a venda de ativos, enfraquecendo o BNDES e prejudicando sua capacidade de investimento. Em fevereiro deste ano, o BNDES vendeu R$ 22 bilhões em ações da Petrobrás, algo em torno de 10% das ações da petroleira, na maior oferta pública de ações ocorrida nos últimos dez anos no Brasil.
Sob a direção do amigo dos filhos de Bolsonaro, Gustavo Montezano tem como missão transformar o banco de fomento em “banco de serviços”. Só no ano passado, antecipou R$ 100 bilhões de empréstimos junto ao Tesouro, por exigência de Guedes, para pagamento da dívida publica. Em 2019, o banco desembolsou apenas R$ 55,314 bilhões em financiamentos, uma queda real, já descontada a inflação, de 23,4% em relação a 2018.
Em plena pandemia, os juros praticados pela direção do BNDES são criticados pelo setor produtivo. “É uma taxa alta”, disse o presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), José Velloso. “Não queremos crédito subsidiado, mas entre a Selic e 12,28%, tem um universo”, declarou em abril sobre as taxas de juros cobradas pelo governo nas linhas de créditos emergenciais.
A operação de venda das ações do BNDES foi articulada pelo Bank Of America.