Governador do Maranhão cobra do governo federal a implementação de um plano de proteção ao emprego e às empresas
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), defendeu que o governo federal deve implementar uma política de proteção do emprego e das micro e pequenas empresas.
“Senão a aterrissagem [depois da pandemia] da economia brasileira vai ser muito dolorosa, uma recessão muito profunda e desemprego muito alto. Nós precisamos de medidas compensatórias imediatas”, afirmou.
Em entrevista à Rádio Super (91.7 FM), de Minas Gerais, Dino argumentou que “temos que terminar esse ciclo do auxílio emergencial e cuidar do que vem depois dele, no que se refere à questão econômica”.
“Eu tenho essas duas preocupações: desemprego crescendo muito e isto gera problemas no que se refere à demanda. Não existe investimento sem demanda, ninguém vai abrir um restaurante sem ter ninguém para frequentar”, explicou.
“Se o desemprego for muito alto, atinge o mercado interno. Por isso, precisa cuidar disso. Ao meu ver, há muita inércia do governo no que se refere à temática do emprego”, continuou.
Para ele, “uma empresa familiar, às vezes de décadas, que baixa as portas, é uma parte da sociedade que se perde e depois não tem como fazer esse negócio voltar a existir. Tem setores econômicos sendo dizimados, restaurantes, bares, agências de viagens, hotéis, comércio e serviço de maneira geral”.
Dino defendeu “o chamado auxílio emergencial empresarial, para micro e pequenas empresas”. “Contaríamos com os recursos que estão sobrando dos programas anteriores e com emissão monetária excepcional feita pelo Banco Central”.
O governador do Maranhão também disse que esse projeto econômico também deve incluir “um plano nacional de obras públicas, uma vez que nós temos obras federais paradas em todo o país. É um caminho que geraria benefícios no que se refere à qualificação da infraestrutura brasileira, ao mesmo que movimenta centenas empresas e dezenas de milhares de empregos, gerando ativação também do setor de comércio e serviço”.
“O micro e pequeno empresariado do Brasil, os trabalhadores do Brasil estão com um problema grave e o governo, portanto, precisa agir mais. A minha avaliação é que o auxílio emergencial é muito bom, muito importante, porém não é suficiente”, disse.
“Nós precisamos de um pacto, diferente dessa desorganização que temos no Brasil, em todo os planos. É momento de nós procurarmos celebrar convergências para que o Brasil possa sair das trevas”
UNIDADE NAS ELEIÇÕES
Durante a entrevista, Flávio Dino comentou os seus esforços para unir cada vez mais as forças políticas para enfrentar as eleições contra Jair Bolsonaro.
“Essa ideia de quebrar arestas, diminuir mágoas, diminuir contendas, é essencial. Eu tenho me dedicado a isso, pré-candidato ou não. Eu defendo isso: quanto mais união, melhor. A sabedoria popular diz que a união faz a força. Quanto mais a gente unir melhor, amplia as nossas chances de vencer as eleições, o que é muito importante para esquerda e para o Brasil”, disse.
“Eu tenho lutado muito para que, pelo menos, onde houver segundo turno nós tenhamos uma maior união do campo progressista e a gente consiga ter bons resultados”, continuou.
“Eu considero, com todo o respeito aos pensamentos divergentes, que o Bolsonaro não representa um bom caminho ao país, tanto no aspecto econômico, como social e político. É uma pessoa muito extremista nas suas opiniões e com muita dificuldade de estabilizar uma equipe que consiga tocar o país para frente”.
“Por isso, eu espero que tenhamos um projeto eleitoral que não seja apenas de negação, mas sim de afirmação de um novo programa, de novas propostas calcadas na ideia de combate às desigualdades sociais e regionais, ampliação de direitos, de conseguir justiça tributária”, apontou.
CORONAVÍRUS
Segundo Dino, o pior da pandemia do coronavírus no Maranhão já passou e o estado está com um número pequeno de infectados e de ocupação de leitos. “Conseguimos, graças a Deus, passar pelo pior, até aqui. Vivemos as semanas epidemiológicas de crescimento e estabilização em um patamar alto”.
“Não tivemos colapso hospitalar, porque fizemos uma grande ampliação da rede assistencial, com 13 novos equipamentos inaugurados, multiplicamos por oito a quantidade de leitos disponíveis para coronavírus e já estamos vivendo um outro momento”, comentou.
“Chegamos a ter, simultâneamente, 40 ou 50 mil casos ativos e hoje estamos com 7,6 mil. A nossa ocupação hospitalar, que chegou a 100%, hoje gira em torno de 50%, 40%, em termos médios”.
“Consideramos, contudo, que não significa dizer que a batalha esteja ganha”.
“Nós não temos, ainda, data para a retomada do ensino presencial na rede estadual. Nós estamos, neste momento, intensificando o ensino não-presencial”.
“Começamos, ontem, a distribuir 90 mil chips com pacotes de dados para os estudantes do 3º ano do ensino médio para que eles possam ter melhores condições de acesso”.
“Temos também uma rede de rádio com áudio-aulas. Temos uma equipe de radialistas, jornalistas que fazem aulas para serem transmitidas em todo o território maranhense mediante duas redes de rádio e, assim, reduzir os danos à aprendizagem que, infelizmente, o coronavírus trouxe aos nossos estudantes”, concluiu.
P. B.