“A gasolina continua revertendo o movimento que teve nos meses de abril e maio. Já havia subido em junho e voltou a subir em julho”, disse o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov
A inflação oficial do país registrou em julho o maior avanço dos últimos 4 anos. Medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a variação de preços foi de 0,36% no mês passado, puxada por altas na gasolina e na conta de energia.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou hoje (07) os dados, resultado superior nos preços para o mês de julho só foi alcançado em 2016, quando houve variação de 0,52%.
Em julho de 2019, a taxa havia ficado em 0,19%. O índice acumula alta de 0,46% no ano, enquanto o acumulado em 12 meses é de 2,31%.
Conta de luz e gasolina
Sem medidas de regulação de preços, mesmo que a pandemia tenha afetado empregos e renda das famílias, um dos grandes impactos na inflação de julho veio da conta de energia. O grupo Habitação do IPCA sofreu alta de 0,8% – com contribuição de 0,13 pontos percentuais no índice.
A tarifa de energia elétrica subiu 2,59% na média, sentido em 13 regiões diferentes do país.
Em São Paulo, o aumento foi de 4,49% devido a um reajuste de 3,6% em uma das principais concessionárias do Estado, que a pretexto da pandemia, cobrou as contas de junho pela média dos últimos doze meses, elevando as contas de julho, levando os consumidores a buscarem ajuda no Procon contra o abuso.
Dona Maria, que gastava em torno de R$ 200,00 por mês recebeu a conta de junho no valor de R$ 724,00 e a de julho no valor de R$ 333,00 (!) e a Enel ainda parabeniza a consumidora por ter “economizado” no mês de julho.
Em Fortaleza, o aumento foi de 5,29%, devido a um reajuste de 3,2%. Em Porto Alegre, cuja alta foi de 2,37%, houve reajuste de 5,23% em uma das concessionárias. Salvador, Recife e Belo Horizonte também tiveram aumento na tarifa de energia.
Dos nove grupos que compõem o IPCA, seis apresentaram alta em julho. Além da Habitação, houve pressão do grupo de Transportes, com alta de 0,78%. A gasolina teve maior pressão individual, com alta de 3,42% – contribuição de 0,16 pontos.
Os combustíveis, que têm o preço nas refinarias da Petrobrás definidos de acordo com o mercado internacional e o dólar, com o aval de Bolsonaro, desde maio, o preço do diesel foi elevado cinco vezes e, no caso da gasolina, foram nove reajustes. “A gasolina continua revertendo o movimento que teve nos meses de abril e maio. Já havia subido em junho e voltou a subir em julho”, disse o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
O óleo diesel (4,21%), o etanol (0,72%) e o gás veicular (0,56%) também subiram, levando o grupo dos combustíveis a um resultado de 3,12%. Ainda no grupo, houve queda nos subitens transporte por aplicativo (-8,17%) e passagem aérea (-4,21%).
Alimentação no domicílio
Outro destaque do IPCA de julho por conta das medidas de quarentena foi a inflação do item de Alimentação no domicílio, que teve alta de 0,14%.
Entre os maiores avanços no grupo alimentação, destaque para carnes (3,68%), leite longa vida (3,79%), arroz (2,20%) e frutas (1,09%). Os Artigos de residência (0,90%) apresentaram a maior alta entre os 9 grupos pesquisados.