“A candidatura no PSOL não pode ser um puxadinho do PT”, afirmou Luciana Genro, uma das vozes mais representativas do partido, e ex-candidata a presidente pelo PSOL. “Os erros cometidos pelo PT acabaram respingando em toda a esquerda, inclusive no PSOL, que fez oposição a todos os governos, inclusive o do PT. Mas a esquerda, em geral, é vista como uma coisa só”, acrescentou Luciana, em entrevista ao portal da Band.
A representante do PSOL, afirmou que “o PT perdeu a capacidade de liderar a esquerda brasileira”. ‘A própria situação do País é dramática. Um governo ilegítimo, sem respaldo popular, com medidas brutais contra o trabalhador”, assinalou. “Ela [Dilma] já falava em reforma trabalhista, da previdência, quando escolheu o Joaquim Levy [como ministro da Fazenda]. Isso levou a um enfraquecimento da própria base do PT, que perdeu a capacidade de resistência”, avaliou.
Luciana disse que o partido tem que tirar lições da degeneração do PT. “A gente está num cenário em que o velho morre e o novo não teve força para nascer. O velho é o PT, que não vai morrer totalmente e desaparecer, vai eleger deputados, prefeitos, governadores, mas sem mais entusiasmo, sem esperança”, disse a ex-deputada, que anunciou sua candidatura à deputada estadual.
Para Luciana, “Lula continua sendo uma figura de liderança carismática e popular, mas tudo o que acontece é uma adaptação ao regime que estabeleceu com as empreiteiras”. “A maior prova de que ele colocou os pés pelas mãos são as doações que ele recebeu para o instituto através das empreiteiras”, disse.
“Não é preciso que tenha cometido crime explícito para perceber que estabeleceu relações promiscuas com o grande capital, e esse caminho é o maior crime que ele cometeu. Os demais, a Justiça vai avaliar”, acrescentou Luciana. “Pode ser culpado ou não, o processo penal é complexo. Agora, o processo político está claro. Ele não pode mais ser a referência de esquerda brasileira. Precisamos de novas lideranças”, destacou a dirigente do PSOL.
Sobre a cláusula de barreira, Luciana disse que é para favorecer os grandes partidos. “A gente foi totalmente contra a cláusula de barreira. Os grandes partidos também podem ser legendas de aluguel. Não é o tamanho. Um dos maiores cânceres da política é o PMDB [hoje MDB], que nunca vai ser atingido por uma cláusula de barreira, pois atua dessa maneira fisiológica. Essa cláusula não purifica, só torna uma ameaça para partidos como o PSOL”, afirmou.