Todas as pessoas que estavam a bordo da aeronave modelo Antonov AN-148 das Linhas Aéreas de Saratov – 65 passageiros e 6 tripulantes – morreram neste domingo minutos após a decolagem do Aeroporto de Domodiedovo, em Moscou, num voo regular com destino para a cidade de Orsk, na região de Orenburg ao sul dos Urais, região fronteiriça do Cazaquistão, informou a Procuradoria da Rússia.
O avião foi fabricado por uma joint venture formada pela empresa ucraniana Antonov e a russa Companhia de Aviação Voronezh, associação que se rompeu o ano passado pelas desavenças políticas entre ambos os países, e este seria o primeiro acidente de proporções da empresa Saratov, uma das muitas linhas aéreas nascidas durante a privatização do setor aéreo ex-soviético no inicio da década dos 90 do século passado.
A Procuradoria de Transportes de Moscou informou que, após decolar, a nave permaneceu visível pelos radares só quatro minutos e caiu perto do povoado de Argunovo, a uns 80 quilômetros da capital russa.
Por enquanto, entre as causas mais prováveis da tragédia menciona-se uma falha técnica, um erro do piloto e as adversas condições meteorológicas. Só explicações de praxe.
De acordo com uma informação que circula na Rússia, o piloto do AN-148 da Saratov – empresa que em 2015 perdeu sua licença para realizar vôos internacionais por não cumprir os requisitos – insistiu em sair na sua hora e pediu para reduzir o tempo do procedimento obrigatório para borrifar as asas com anticongelantes, argumentando que a temperatura era de apenas cinco graus abaixo de zero.
O diretor da Saratov Airlines Alexei Vakhromeev foi convidado mais de uma vez a verificar as condições técnicas das aeronaves. Em agosto do ano passado, uma das passageiras dirigiu-lhe uma mensagem que, na segunda-feira, foi publicada pela Agência Federal de Notícias.
Anna A. denunciou que viajou no avião da Saratov que saiu de Moscou em 14 de agosto às 16h50, no vôo “6W-775″: “Durante todo o tempo do vôo dentro do avião estava insuportavelmente abafado. Um homem na parte de trás pediu à aeromoça que ligasse o ar condicionado porque, devido as abruptas subidas e descidas, ficou ruim. Eu também me sentia mal, como se o ar não fosse suficiente e por causa das quedas de altura a pressão aumentou. Já tive conhecimento de que várias vezes houve problemas com o ar condicionado desses aviões e descidas bruscas. Mas nada foi feito, ninguém responde por nada”.
Perto do lugar da queda da aeronave – que provocou um buraco de mais de 2 metros de profundidade e de 17 metros de diâmetro em uma zona de difícil acesso pela grande quantidade de neve –, as equipes de resgate recuperaram uma das caixas-pretas que poderá aportar mais dados sobre as causas do sinistro.
O presidente Vladimir Putin requisitou a formação de uma comissão governamental para esclarecer o ocorrido e suspendeu sua viagem a Sochi, onde na segunda-feira tinha programado reunir-se com Mahmud Abbas, o presidente palestino. O encontro deve ser realizado em Moscou.