Votação foi unânime
O ex-ministro da Educação de Jair Bolsonaro, Abraham Weintraub, foi agraciado, na quarta-feira (12), com o título de persona non grata (não querida, não bem-vinda) pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, em votação unânime.
Para os parlamentares, Weintraub mostrou “notória incompetência na condução das políticas educacionais” e “completa falta de educação e de respeito à democracia e às instituições”.
“Não merece consideração desta cidade. Veio para trabalhar aqui, mas é incompetente, ingrato e mal educado. É persona non grata”, diz o documento aprovado pelos deputados.
Na reunião ministerial do dia 22 de abril, cuja gravação foi tornada pública pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Abraham Weintraub disse que Brasília é uma “porcaria”. “Isso daqui é um cancro de corrupção, de privilégio. Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que eu podia imaginar”, afirmou o ex-ministro.
Nessa mesma reunião, o ex-ministro de Jair Bolsonaro apontou para o Congresso Nacional e o STF e disse “eu por mim botava todos esses vagabundos na cadeia. Começando pelo STF”.
O ex-ministro da Educação é investigado no âmbito de inquérito que apura ataques ao STF. Na célebre reunião ministerial do dia 22 de abril, ele chamou os ministros da Corte de “vagabundos” e fez pregação em prol da prisão deles.
Weintraub também causou uma crise internacional para o Brasil, quando relacionou a Covid-19 com a China e ironizou o sotaque de alguns chineses ao falarem português.
Para sair do país, Bolsonaro o indicou para assumir uma diretoria no Banco Mundial. Ele receberá um salário mensal de R$ 114 mil na instituição. Sua saída do Brasil se deu em segredo e urgente, atropelando todos os trâmites normais. Ver Ministério assume que intercedeu no caso da fuga de Weintraub
A Associação de Funcionários do Banco Mundial encaminhou uma carta ao banco, rejeitando o nome dele para o cargo e solicitando a intervenção do conselho de ética da instituição no processo de nomeação do ex-ministro. Mesmo assim, ele foi aceito pelo comitê dirigente do banco.
Depois da divulgação do vídeo, até mesmo aliados de Bolsonaro começaram a defender a demissão de Weintraub. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB), disse que “sim, demitiria”.
O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), disse à época que Weintraub “já deveria ter caído há muito tempo. Aliás, ele nunca nem devia ter chegado lá”.
O ex-ministro de Jair Bolsonaro participou de manifestações no DF sem utilizar máscaras, o que é obrigatório por conta da pandemia de coronavírus. “Ele foi sem qualquer tipo de máscara, ou seja, não mostrou nenhum sinal de respeito”, disse Ibaneis. Weintraub foi multado em R$ 2 mil.
Antes de Weintraub, apenas outras três pessoas foram qualificadas como persona non grata. Em 1998, o ditador chileno Augusto Pinochet; em 2001, o embaixador canadense Jean Pierre Juneau, que proibiu a importação de carne bovina brasileira; e em 2003, o ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
Para o deputado distrital Chico Vigilante (PT), que propôs o título negativo para Weintraub, “a capital do 3º milênio, marco arquitetônico, civilizatório e cultural do Brasil, idealizada por pessoas como Juscelino Kubitschek e Oscar Niemeyer, dentre outros, não poderia em hipótese alguma tolerar uma pessoa como Weintraub como ministro nesta cidade. Ele desrespeitou todos nós quando falou mal de Brasília”.
Relacionadas: