O delegado da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que cuidou da segurança na Copa de 2014 e da Olimpíada do Rio, classificou como desproporcional, desarrazoada e fora da lei a produção pelo Ministério da Justiça de um relatório sobre grupos vinculados a movimentos em defesa da democracia e identificados como antifascistas.
“Nossos relatórios sempre tinham relação com algum crime investigado. E o de agora? Ser contra o fascismo não é crime. Fico espantado de ver o ministério produzir um documento dessa natureza, que não guarda relação com a lei”, acrescentou Andrei Rodrigues à coluna Painel, do jornal “Folha de S. Paulo”.
Andrei Rodrigues ficou irritado com a declaração do ministro da Justiça, André Mendonça, à comissão mista do Congresso Nacional que trata do Controle da Atividade de Inteligência, comparando o dossiê elaborado por uma secretaria ligada ao ministério, a Seopi (Secretaria de Operações Integradas), com documentos de inteligência produzidos sob seu comando.
O delegado federal foi responsável pela diretoria de inteligência da pasta entre 2013 e 2017.
“Nos competia a produção de conhecimento para atividade de polícia judiciária, com controle externo, para auxiliar investigações, ainda que de forma preventiva. Não nos competia inteligência de Estado. São coisas diferentes. A lei é clara sobre isso”, destacou.
Em seu depoimento aos parlamentares, o ministro da Justiça mencionou relatórios produzidos durante o governo Dilma Rousseff (PT) sobre a atuação dos black blocs entre 2013 e 1014.
“Divirjo de qualquer paralelo que possa ser feito. Posso dizer categoricamente que a atividade de inteligência que a gente fez não guarda relação com isso, de monitorar pessoas por matizes ideológicas. Até hoje a gente não sabe se os black blocs eram de esquerda ou de direita”, observou o delegado.
Ele foi secretário extraordinário de Grandes Eventos.
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