O ataque de Jair Bolsonaro ao jornalista foi noticiado em vários jornais ao redor do mundo, como no Reino Unido, Espanha, Estados Unidos, Argentina e Índia
Associações de imprensa e entidades de defesa dos direitos humanos repudiaram a ameaça física feita por Jair Bolsonaro contra jornalista que perguntou por que sua esposa, Michelle Bolsonaro, recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) reforçou que “tal comportamento mostra não apenas uma inaceitável falta de educação. É, também, uma tentativa de intimidação da imprensa, buscando impedir questionamentos incômodos”.
A Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) apontou que “Jair Bolsonaro coleciona um histórico absolutamente intolerável de ataques verbais, xingamentos e todo tipo de desrespeito ao trabalho da imprensa, mas neste domingo (23/8) ele conseguiu subir de patamar”.
“Ameaça é crime previsto no artigo 147 do Código Penal. Vindo de um presidente da República, que recebeu a incumbência e ainda fez o juramento de zelar pelo respeito à Constituição e às leis do país, torna-se um crime ainda mais grave”.
“O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) se solidarizam com o repórter ameaçado e reiteram pedido de impeachment já assinado pelas entidades representativas”.
“O Sindicato informa que estudará medidas judiciais cabíveis contra o presidente da República por este crime. O trabalho da imprensa é fundamental numa democracia e não deve sofrer intimidações, quanto mais ameaça de interrupção por violência física”, conclui a nota publicada na internet.
Em nota conjunta, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e as organizações Artigo 19, Conectas Direitos Humanos, Observatório da Liberdade de Imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Repórteres sem Fronteiras se solidarizaram com o repórter e condenaram “mais um episódio violento protagonizado por Jair Bolsonaro”.
A ameaça de Bolsonaro “foi não apenas incompatível com sua posição no mais alto cargo na República, mas até mesmo com as regras de convivência em uma sociedade democrática”.
“Um presidente ameaçar ou agredir fisicamente um jornalista é próprio de ditaduras, não de democracias”, afirmou.
“O discurso hostil e intimidatório de Bolsonaro contra a imprensa vem incentivando sua militância a assediar jornalistas nas redes sociais nos últimos meses, inclusive com ameaças de morte e agressões aos profissionais e a seus familiares”, continuou.
O ataque de Jair Bolsonaro ao jornalista foi noticiado em vários jornais ao redor do mundo, como no Reino Unido, Espanha, Estados Unidos, Argentina e Índia.
No Reino Unido, os jornais The Guardian, Independent, Daily Mail e Sky News noticiaram a agressão. O jornal ABC, da Espanha, publicou uma reportagem que lembra que não é a primeira vez que Jair Bolsonaro agride verbalmente jornalistas.
O segundo maior jornal dos Estados Unidos, The New York Times, noticiou o acontecido em suas páginas. Na Argentina, foram os dois maiores jornais: Clarín e La Nación.
Na índia, foram os jornais India Today e o The Hindu.
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