O ex-diretor da OAS Carlos Henrique Barbosa Lemos e o ex-presidente da Andrade Gutierrez Engenharia Flávio David Barra disseram em depoimentos à Polícia Federal que as empreiteiras criaram um “grupo de trabalho” que ajudou a elaborar o edital do Rodoanel Sul, em São Paulo. Segundo os depoentes, as empreiteiras Andrade Gutierrez, OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa pagaram propina para José Serra, do PSDB, em troca de contratos superfaturados no Rodoanel.
As obras foram divididas em cinco lotes liderados por consórcios de empreiteiras. No depoimento que prestou em agosto de 2017 à Polícia Federal, Lemos declarou que os representantes das empresas foram informados pelos diretores da Andrade Gutierrez que seria necessário realizar o pagamento de aproximadamente R$ 30 milhões para o então secretário de Transportes do estado, Dario Rais Lopes.
Esses R$ 30 milhões teriam por objetivo colaborar com o caixa de campanha eleitoral do PSDB. Ele contou que o consórcio OAS/Mendes Junior, detentor do lote cinco, pagou R$ 5,4 milhões. O ex-executivo disse que a OAS fez o repasse de R$ 2,3 milhões para Mário Rodrigues Júnior, diretor de engenharia da Dersa, empresa controlada pelo governo paulista responsável por grandes obras, como o Rodoanel.
Lemos afirmou que se recorda que parte do dinheiro foi transferida na forma de doações eleitorais ao PSDB registradas na Justiça Eleitoral e a outra parte foi feita em espécie.
Já o ex-executivo da Andrade Gutierrez, Flávio David Barra, citou o pagamento de propina para a diretoria do Metrô de São Paulo. Em depoimento de 25 de janeiro, ele relatou ter sido procurado pelo então presidente do Metrô, Luiz Carlos Frayse David, para tratar de pagamentos que seriam destinados aos diretores do Metrô paulista. Segundo Barra, Frayse David disse que, como as nomeações da diretoria do Metrô precisavam de suporte político, seria necessária a arrecadação de recursos na ordem de R$ 2 milhões.
O ex-diretor da OAS, Carlos Henrique Barbosa Lemos informou também que Paulo Vieira Sousa, conhecido como “Paulo Preto” e apontado no inquérito como “pessoa próxima ao então governador José Serra”, na época diretor de engenharia da Dersa, também exigiu que as empresas efetuassem o pagamento a título de formação de caixa de campanha no valor de 0,75% sobre cada faturamento recebimento da Dersa. Todos os envolvidos disseram que são inocentes.