O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, afirmou que a cidade precisa manter o seu potencial e elevar seu desenvolvimento.
Para isso, Orlando defendeu maciços investimentos em tecnologia, estimulo àa empresas e ao emprego.
“Tem que ter uma perspectiva de defesa da soberania nacional, de investimento maciço em ciência, tecnologia e inovação, calibrar precisamente qual tem que ser o papel do Estado, inclusive na economia”, sublinhou o parlamentar em entrevista ao blog O Cafezinho – de Miguel do Rosário – na manhã de sexta-feira (28).
“Tem que ver o lugar em que tem que estimular o setor empresarial, firmar parcerias estratégicas com outros países do mundo para que nós possamos, em aliança, dar passos adiante”, continuou.
“O miolo da picanha é o projeto nacional de desenvolvimento”, sintetizou.
O deputado federal defende que o país precisa de “um novo projeto nacional de desenvolvimento. Um projeto que, inclusive, organize reformas estruturais no país, de forma que nós possamos garantir direitos para o nosso povo”.
“Eu tenho a minha lógica de política para a cidade, um plano político para a cidade priorizando emprego e renda”, defendeu.
“Vamos implantar um plano de geração de emprego e renda na cidade”, que consiste em “retomar obra pública revendo contratos” e pôr em prática um “pacote de medidas para valorizar as micro e pequenas empresas, inclusive suspendendo temporariamente tributos sobre elas. Com o programa que o Bolsonaro criou, o dinheiro não chega”.
A Prefeitura precisa “estruturar a formação e o emprego para o jovem. Há quem fale que o desemprego entre os jovens é de 34%”.
Para Orlando Silva, a oposição não pode “vacilar e permitir que nenhum bolsonarista alcance a vitória eleitoral aqui, porque isso repercute nacionalmente”.
“Na eleição municipal também temos que fazer um risco no chão e dizer que tem um campo antibolsonaro e que nós vamos nos posicionar”, afirmou
FRENTE
Para Orlando, a frente ampla contra o Bolsonaro pode se estruturar nas eleições em São Paulo através de múltiplas candidaturas. O importante, argumentou, é fazer a disputa política e impedir que um bolsonarista chegue à Prefeitura.
“Eu digo para você que temos que olhar para frente e estruturar um outro projeto para o Brasil, como é que eu vou fazer isso se eu não for candidato? Como é que o PCdoB vai querer influenciar se ficar debaixo das asas do PT na eleição municipal de 2020? Não faz sentido”, alegou.
O deputado comentou a aproximação recente do candidato Márcio França (PSB) a Jair Bolsonaro. “Eu considero errado qualquer tipo de frente com o campo do bolsonarismo”, disse.
O PSB já estava fechando acordos eleitorais com o PDT, que tem como liderança Ciro Gomes. “Eu tenho que denunciar isso [a aliança de França com Bolsonaro]. Não é justo que o eleitorado do Ciro, que é gente progressista, não saiba disso”.
“Quando eu digo ‘sem trégua’ ao flerte de Márcio França com Bolsonaro, é porque não podemos permitir, temos que passar uma risca no chão e falar que ‘daqui não pode passar’. O Brasil não aguenta mais um mandato de Jair Bolsonaro e sua política de destruição da nação brasileira”.
“Eu não tenho dúvida de que o drama do Brasil na pandemia de Covid se chama Jair Bolsonaro. A atitude dele é a atitude de um genocida, de descumprir as regras internacionais, de não apoiar os estados e municípios”, disse.
ESQUERDA
Durante a entrevista, Orlando discutiu as eleições em 2018 e os elementos que possibilitaram a vitória de Jair Bolsonaro.
“Eu considero que nós [da esquerda] cometemos erros importantes. Ou alguém acha que não foi um erro a Dilma dizer que não ia mexer com direito dos trabalhadores ‘nem que a vaca tossisse’? Assumiu a Presidência e nomeou Levy de ministro da Fazenda e mandou aquela Medida Provisória para o Congresso Nacional”.
“Ali, para mim, foi o começo do fim, o começo da desorganização. Isso impacta no imaginário da luta popular quando você não consegue cumprir com os seus compromissos básicos”, disse.
Orlando Silva contou que em 2018 defendeu dentro do PCdoB que fosse feita uma aliança ampla e que não girasse em torno de uma candidatura do PT. O deputado relatou que teve diversas conversas com o então candidato do PDT, Ciro Gomes, e “se fosse para cada um defender o seu ponto de vista, que tivéssemos a nossa candidatura” com a ex-deputada federal Manuela D’Ávila.
“O PT atuou apenas para que não houvesse uma aliança mais ampla ao redor do Ciro Gomes. Isso é o que foi. Não é opinião, estou falando de dados”.
“A vida mostrou que eu tinha razão”, avaliou.
PEDRO BIANCO
Assista a íntegra da entrevista: