Está ocorrendo neste domingo (18) a primeira rebelião num presídio do Rio de Janeiro após a pirotécnica intervenção federal decretada pelo governo Michel Temer no Estado. O motim está ocorrendo no pátio do Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense. Pelo menos quatro agentes penitenciários foram feitos refém por homens armados no interior do presídio.
Diversos especialistas criticaram a intervenção como ineficaz e denunciaram que o que falta são investimento e ações integradas dos governos estaduais e do Planalto na questão da Segurança Pública. Políticos, entre eles os pré-candidatos Ciro Gomes (PDT) e João Vicente Goulart (PPL), também criticaram a ação demagógica o governo Temer. Confirmando o caráter demagógico de Temer, ele se reuniu neste domingo (18), no Palácio do Alvorada, com seu marqueteiro Elsinho Mouco e com o cientista político e especialista em marketing Antonio Lavareda para discutir como usar a intervenção no Rio para tentar melhorar sua desgastada imagem junto à opinião pública.
O presídio Milton Dias tem capacidade para 884 detentos e mantinha em janeiro 2.027 presos, segundo o Conselho Nacional de Justiça. A rebelião acontece no dia em que a Secretaria de Administração Penitenciária informou que antecipou ‘medidas de controle’ para evitar reações de população carcerária a intervenção federal na Segurança do Rio. Em nota, a Seap informou que “na tarde deste domingo, inspetores de segurança e administração penitenciária frustaram uma tentativa de fuga de internos” o que deu início a “um motim”.
Ainda de acordo com a nota, “o secretário de Administração Penitenciária, David Anthony Gonçalves Alves ativou o centro de crise no Centro Integrado de Comando e Controle”.
A PM enviou para o local o Batalhão de Choque, o Bope e todos os batalhões da Baixada Fluminense. A orientação na corporação é que nenhum policial tem autorização para entrar na unidade. O Grupo de Intervenção Tática (GIT), da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) foi chamado no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste, e se deslocou para o local.
Em outubro, agentes penitenciários denunciaram à TV Globo um esquema fraudulento que garantia privilégios para diretores e alguns dos detentos no Milton Dias. Detentos foram mostrados carregando sacos plásticos pretos que têm caixas de leite compradas com dinheiro público e que deveriam alimentar quem está no local. O destino das caixas é o porta-malas de dois carros que pertencem à diretoria do presídio. Na época o juiz da Vara de Execuções Penais afirmou que não é comum que alimentos saiam em sacos plásticos de presídios. “Deve ser devidamente apurado. A Vara de Execuções Penais vai instaurar um procedimento para que, na fiscalização da unidade prisional a razão pela qual isso está ocorrendo”, explicou o juiz Rafael Estrela.
Dias antes da publicação de imagens em redes sociais, o subdiretor recebeu uma denúncia anônima e prendeu, em flagrante, um inspetor penitenciário que tentava entrar no presídio com quatro quilos de cocaína, cinco quilos de maconha e 25 aparelhos de celular.