A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados decidiu, na manhã desta terça-feira, encaminhar à Corregedoria da Casa o processo de cassação do mandato da deputada Flordelis (PSD-RJ), acusada de mandar matar o marido, o pastor Anderson do Carmo. O encontro foi marcado pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Flordelis é alvo de uma representação do deputado Léo Motta (PSL-RJ), protocolada junto à Mesa. Os deputados que compõem o órgão também receberam informações do advogado de Anderson do Carmo, que pediu o afastamento imediato da parlamentar.
A Mesa deliberou por enviar o caso à Corregedoria. Segundo o corregedor da Câmara, Paulo Bengtson (PTB-PA), após ser notificada, Flordelis terá um prazo de 10 dias para apresentar uma defesa por escrito antes da abertura do processo.
Após o processo da Corregedoria, o caso deverá ser encaminhado ao Conselho de Ética da Câmara que definirá pelo prosseguimento do caso.
Por conta da pandemia, as atividades do conselho estão paradas, assim como os trabalhos dos demais colegiados da Câmara. Nenhuma comissão foi instalada desde o início do ano. Para que o Conselho de Ética volte a funcionar, Bengtson apresentou um projeto de resolução. A intenção é que os parlamentares deem aval para reuniões remotas.
O andamento do caso depende, portanto, da aprovação da resolução para retomar os trabalhos do Conselho. Depois de passar pelo Conselho de Ética, a eventual cassação de Flordelis deve ser analisada em plenário pelos 513 deputados.
ENTREVISTA
Em sua primeira entrevista após ser denunciada como a mandante do assassinado do próprio marido, Flordelis disse que fez sexo com pastor no capô do carro na noite do crime. Ela também se declarou inocente em busca por justiça. As declarações foram dadas para uma reportagem exibida no Conexão Repórter, do SBT, nesta segunda-feira.
Flordelis foi a casa da família em Niterói, onde aconteceu o crime, junto com o jornalista Roberto Cabrini, e contou que ela e o marido chegaram em casa por volta das 3h da manhã após passearem no calçadão de Copacabana e fazerem sexo no capô do carro, em uma rua deserta, antes de voltar a residência.
“Fomos à Copacabana, andamos no calçadão, fizemos as brincadeiras, andamos na praia. Depois fomos para o carro, ele pegou uma pista deserta, não sei dizer o local, só se eu for lá, talvez eu consiga, mas não prestei atenção no caminho. Eu sei que ele chegou em um lugar que tinha muitos carros parados, mas não tinha bar, nada disso. Nós paramos ali, namoramos, que era uma coisa normal nossa, na estrada. Me beijou bastante, eu sentei no capô do carro e tivemos relações. Falei “amor, amanhã a gente vai acordar cedo, né?”. Isso foi por volta de 2h e alguma coisa”, contou.
Anderson dirigia um Honda Accord, e não o carro blindado da família, que, segundo a investigação, tinha ficado com um filho por sugestão da pastora. “Isso é mais uma mentira que estão falando a meu respeito. Foi o meu marido que ligou pro meu filho e pediu que levasse para ele o carro esportivo. Quem é que não sabe? Quem conhece meu marido sabe muito bem que ele adorava sair com o carro esportivo”, disse.
Flordelis negou que tenha adotado Anderson e que ele tenha sido seu filho adotivo e genro antes de ser seu marido. Sobre as mensagens que trocou com os filhos, chamando o pastor de traste, ela afirma que não as escreveu.
“Isso não existe. Não existe ‘escandalizar o nome de Deus’. Se eu tivesse que me separar, eu me separaria. Eu jamais chamaria meu marido de traste. Essa mensagem não foi escrita por mim. Não sei. Eu quero que a Justiça descubra quem escreveu. Meu celular é tipo um celular comunitário em casa. Todo mundo tem acesso ao meu celular. Eu preciso saber quem matou meu marido. Eu não sei. Se eu soubesse, eu falaria aqui agora. Quem matou meu marido está desgraçando com minha vida. Eu não estou escondendo nada”, afirmou.
A parlamentar negou várias vezes ter envolvimento no assassinato do marido e disse que é vítima de uma injustiça.
“Estou vivendo o pior momento da minha vida. Não estou preparada para ser presa, e não vou ser. Porque eu sou inocente, e a minha inocência será provada. Eu não matei, eu não fiz isso que estão me acusando. Eu não fiz. Não é real, não é verdade. É uma injustiça”, garantiu.
Entender a relação de Flordelis com Bolsonaro e o bolsonarismo se torna fundamental para extrair de suas declarações explicitadas acima o que elas verdadeiramente significam. Confira esta análise no link abaixo.