Site detalhou a denúncia de que o BTG comprou do Banco do Brasil uma carteira de créditos que valia R$ 2,9 bilhões, mas pagou apenas R$ 371 milhões
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) condenou a censura imposta pelo juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves ao Jornal GGN, do jornalista Luis Nassif, a pedido do banco BTG Pactual.
As matérias do GGN mostravam que o BTG Pactual, banco fundado por Paulo Guedes, comprou do Banco do Brasil uma carteira de créditos que valia R$ 2,9 bilhões, mas pagou apenas R$ 371 milhões.
O mesmo Paulo Guedes que falou sobre o Banco do Brasil na famosa reunião ministerial de 22 de abril e disse: “Tem que vender essa porra logo”, cobrando pressa para dar a “solução” Flordelis no BB, ou seja, fuzilar o banco público em benefício dos seus parceiros do mercado financeiro.
O juiz Leonardo Grandmasson, da 32ª Vara Cível do Rio de Janeiro, determinou a retirada das matérias no site do GGN sob multa diária de R$ 10 mil. O pedido foi feito pelo BTG Pactual.
Para a ABI, a censura significa uma “afronta direta à Constituição”. A entidade diz que, “por defender o ‘Cala boca já morreu’, da ministra Cármen Lúcia, do STF [Supremo Tribunal Federal], está buscando, por meio de sua assessoria jurídica, ingressar na ação, na condição de ‘amicus curiae’, para defender o direito à liberdade de expressão do jornalista Luis Nassif”.
Para Luis Nassif, “o que o BTG pretende é evitar que o tema dos grandes bancos de dados fique à disposição das pesquisas no Google”.
A compra subfaturada feita pelo BTG Pactual será investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a pedido do subprocurador-geral do Ministério Público no Tribunal, Lucas Rocha Furtado.
O TCU deverá investigar se a compra não acarretou prejuízos ao BB e se não “atentou contra os princípios da finalidade e moralidade pública”, diz o pedido feito por Lucas Furtado.
A negociata foi denunciada, no final de julho (24), pelo ex-governador Ciro Gomes (PDT), que chamou a operação de criminosa e disse que o governo Bolsonaro “está roubando de braçada”.
Segundo Ciro Gomes, a venda da carteira do BB foi feita sem nenhuma licitação e “ninguém sabe por que foi Pactual, nem porque o preço foi este”.
BTG
O banco fundado por Paulo Guedes foi cevado debaixo dos governos Lula e Dilma. Teve crescimento estrondoso em poucos anos: o patrimônio líquido passou de R$ 3,9 bilhões em 2008 para R$ 14,7 bilhões (+277%) em 2015; o lucro líquido foi de 270 milhões para 1,5 bilhão (+455%); e os ativos totais foram de R$ 19,4 bilhões para R$ 154,6 bilhões (+697%).
O BTG manteve estreita ligação com o governo Dilma, promovendo “road shows” para a privatização de estradas, aeroportos e outros setores. Comprou poços de petróleo da Braspetro – isto é, da Petrobrás – na África.
Entre os bancos, foi o maior contribuinte da campanha à reeleição de Dilma Rousseff em 2014.
Foi o principal sócio da Sete Brasil, a empresa arquitetada por Renato Duque e Pedro Barusco para extorquir a Petrobrás.
O BTG e o banqueiro André Esteves, que foi executivo do banco, foram alvos da 64ª fase da Operação Lava Jato realizada no dia 23 de agosto do ano passado.
O objetivo da operação foi identificar os beneficiários da Planilha Especial Italiano, administrada pelo setor de propinas da Odebrecht. Italiano é como era conhecido o ex-ministro de Lula e Dilma, Antonio Palocci, nas planilhas da empreiteira.
Segundo a PF, o Banco BTG assinou um contrato ilegal com a Petrobrás para exploração do pré-sal no continente africano. O prejuízo passaria de U$ 1,6 bilhão, cerca de R$ 6 bilhões por meio de fraudes na venda de ativos.
Mas, recentemente, os efeitos desta operação foram anulados de ofício, isto é, por iniciativa do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Palocci delatou também que Esteves foi beneficiado por informações privilegiadas em torno do aumento da taxa Selic, que renderam altos ganhos financeiros. Mas a PF também disse em relatório que não foi possível achar dados que comprovassem a fraude.
Ainda de acordo com a delação premiada de Palocci, no fim da campanha eleitoral de 2010, André Esteves, acertou com ele o repasse de R$ 15 milhões para garantir privilégios ao BTG no projeto de sondas do pré-sal, da Petrobrás.
Relacionadas: