Michel Temer reuniu-se às pressas nesta segunda-feira (19) com integrantes dos Conselhos da República e da Defesa Nacional para dar explicações sobre sua decisão midiática de jogar as Forças Armadas Brasileiras nas atividades de polícia no Rio de Janeiro. Pela lei, ambos deveriam ter sido consultados antes e não foram. Os militares já manifestaram por diversas vezes seu descontentamento pelos constantes desvios de suas funções constitucionais.
Elementos investigados por corrupção, roubo do patrimônio público e lavagem de dinheiro, estavam presentes. Entre os bandidos destacam-se Romero Jucá, que responde a 14 inquéritos. Padilha e Moreira, que só não estão presos porque têm foro privilegiado. Carlos Marun, ex-cão-de-guarda de Eduardo Cunha, atualmente preso e já condenado e André Moura (PSC-SE), líder do governo, para quem a Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, acabou de pedir a condenação pelo STF por roubo do dinheiro público de uma prefeitura de seu Estado.
O próprio Temer é um investigado da Polícia Federal por ter favorecido a empresa Rodrimar, que atua no Porto de Santos, em troca de propina. Seu auxiliar, Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala, foi flagrado como seu emissário junto a esta empresa. Temer só não foi afastado ainda porque comprou e subornou deputados e conseguiu adiar sua punição. Rodrigo Maia e Eunício Oliveira, ambos nas malhas da Lava Jato, também estavam presentes. A reunião aprovou a intervenção.
Em suma, não foi por outro motivo, senão desviar a atenção do país sobre o seu desastre, que Temer nomeou o general do Exército Walter Souza Braga Netto como interventor do caos que tomou conta do Rio de Janeiro. Como se esse caos não tivesse nada a ver com sua desastrosa administração. Ou seja, para combater de verdade o crime organizado, e para que o povo pudesse acreditar em qualquer medida tomada, teria que se iniciar na própria reunião. Todas essas pessoas, inclusive quem dirigiu a reunião, deveriam sair dali algemados.