O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, compareceu à intimação do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), para prestar explicações sobre as declarações dadas em entrevista à agência de notícias Reuters, no último dia 9.
Na entrevista, Segovia disse não haver indício de crime de Michel Temer (PMDB) na investigação que indica favorecimento de empresas no porto de Santos (SP), por meio de um decreto em troca de propinas, e que a investigação pode ser arquivada em pouco tempo. O inquérito está sob responsabilidade de Barroso no STF.
Barroso afirmou, ao intimar o diretor-geral da PF, que a fala do diretor “é manifestamente imprópria e pode, em tese, caracterizar infração administrativa e até mesmo penal”. Ele afirmou que o delegado responsável pelo inquérito, Cleyber Lopes, deve ter “autonomia para desenvolver o seu trabalho com isenção e livre de pressões” e ressaltou que este ainda não apresentou um relatório final.
Segovia, disse, em esclarecimento, que “em momento algum pretendeu interferir no andamento do inquérito, antecipar conclusões ou induzir o arquivamento”, e que não teve a intenção de ameaçar com sanções o delegado encarregado, tendo sido mal interpretado. O diretor-geral se comprometeu a não fazer mais qualquer manifestação pública sobre as investigações contra Temer.
O diretor da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Edvandir Félix de Paiva, falou que Segovia está “abalado” e “abatido” e que o esforço agora é para manter a credibilidade da Polícia Federal.