O texto abaixo é de autoria do dramaturgo, roteirista e ator Vinícius Soares.
Foi publicado em sua página no Facebook – e resume a situação da chamada “teologia da prosperidade” ou “neopentecostalismo”, ou, simplesmente, charlatanismo pseudo-religioso, após o caso Flordelis.
Não se trata de uma guerra religiosa, mas da luta contra a impostura que se traveste de religiosa para locupletar-se com a exploração da boa-fé e do desespero do povo.
Mas não conheceríamos o texto de Vinícius Soares, se não fosse o coronel Mário Filho, da Polícia Militar do Estado de São Paulo, tê-lo reproduzido, em sua própria página.
Como personalidade democrática e bem característica do povo, o coronel Mário Filho – durante anos comandante da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), uma das unidades mais célebres da PM paulista – presta mais um serviço ao nosso povo, com a divulgação desse texto, nesse momento em que foi desnudada a cena do charlatanismo. Mais, aqui não diremos, pois este é, precisamente, o tema de Vinícius Soares.
Resta anotar que o coronel Mário Filho (Oníwindé Ifáṣọlá Ifárinú Olúsọjí Oyékàlẹ̀) é também sacerdote da Religião Tradicional Yorùbá (RTY).
Abaixo, o texto do dramaturgo, roteirista e ator (CL).
VINÍCIUS SOARES
Tem que ser dito:
Flordelis representa a igreja evangélica, SIM.
Foi eleita, democraticamente, por votos de evangélicos, SIM.
Pregou contra o “homossexualismo” (como a igreja evangélica gosta de se referir, mesmo sabendo que é um termo pejorativo), SIM.
É uma exímia representante da Teologia da Prosperidade, SIM.
Arrastou multidões em seus cultos com cantores gospel conhecidos em todo país, SIM.
Fez congressos com igrejas lotadas e pastores conhecidos, SIM.
Teve espaço e apoio em rádios evangélicas, SIM.
Foi tema do filme chamado “Flor de Lis – Basta uma Palavra para Mudar” em 2009, SIM.
Parem, mas parem mesmo, de dizer que ela não representa a igreja evangélica. Ela é a própria figura da igreja evangélica brasileira.
Até onde foi conveniente, ela nunca foi criticada pela igreja evangélica que, deu voz, deu espaço, deu oferta, dinheiro, visibilidade e cargo político para ela, SIM.
Não me venham com “ela não é crente de verdade”. Ela é sim. SIM.
Assumam, em silêncio e autocrítica, que a criação da marca (sim, marca) Pastora Flor de Lis® veio do seio da igreja evangélica. Legitimada e patenteada pela própria igreja evangélica.
Assumam a responsabilidade com maturidade, silêncio e autocrítica. A igreja evangélica brasileira precisa, URGENTEMENTE, rever seus apoios, seus dogmas, suas “verdades”, seus preconceitos e toda sua colaboração para com o atraso deste país.
Com suas alianças escusas com as bancadas obscuras do congresso, manipulação da informação (fake news) e o desmonte da cultura do Brasil.
Com o acréscimo da relação escusa com a milícia e o PVI (Povo de Israel) ou Porta 001, facção criminosa que se autodenomina evangélica. Cadê vocês criticando a formação do PVI?
Tenham o mínimo de decência e aceitem as críticas, em silêncio, por todo atraso que nos propuseram. E sem “ahhh, mas nem todo crente” até porque o discurso e a práxis são bem incongruentes. Vocês estão muito longe de Jesus Cristo, mas muito longe. A conta não fecha, num balaio de arrogância, ignorância, violência, dogmatismo, intolerância e igrejas lotadas no meio de uma pandemia.
Silêncio e Autocrítica.
Grato.
Quem usa o nome de Deus pra cometer crimes de várias qualificadora têm que prestar contas e são muitos