
Para provar que não há incêndios na Amazônia e rebater o ator Leonardo DiCaprio, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, cometeu uma falsidade grosseira ao publicar nas redes sociais um vídeo com o título “A Amazônia não está queimando”.
A publicação mostra um mico-leão-dourado como se fosse da Amazônia. A espécie está ameaçada de extinção e é exclusiva da Mata Atlântica.
O erro grotesco também foi compartilhado pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, em sua conta no Twitter. Ele é responsável por comandar ações das Forças Armadas para combate do desmatamento na região.
O vídeo compartilhado é de autoria da AcriPará (Associação de Criadores do Pará). ‘Você está sentindo cheiro de fumaça? Claro que não! Pois a Amazônia não está queimando novamente’, diz o trecho inicial da narração do vídeo.
Parte do negócio
Segundo Mourão, o mico da AcriPará é uma ação de ” contrapropaganda”, uma resposta a grupos que criticam a política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro.
“Da mesma forma como eu falei, aqueles grupos que consideram que nós não estamos tratando direito da questão amazônica fazem o trabalho de propaganda deles. Nós temos que fazer a contrapropaganda. Isso faz parte do negócio”, disse o vice-presidente.
O objetivo do ministro e do vice-presidente era responder ao ator Leonardo Dicaprio e à campanha global “DefundBolsonaro” (Desfinancie Bolsonaro), lançada por movimentos ambientalistas em defesa da floresta e dos indígenas dos países da Amazônia.
Ontem, o astro de Hollywood usou suas redes sociais para aderir ao movimento DefundBolsonaro [desfinancie Bolsonaro], promovido pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil). O objetivo é denunciar internacionalmente o descaso do governo Bolsonaro com a preservação da Amazônia.
Destruição
Na produção, a associação de pecuaristas alega que apenas 5% dos agricultores da região utilizam as queimadas como estratégia para limpeza de seus terrenos.
No entanto, dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que número de focos de calor registrados na Amazônia entre 1º de janeiro e 9 de setembro deste ano é o maior para este período desde 2010.
Em 2020, foram registradas 56.425 queimadas na região, um crescimento de 6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mais de 10 mil focos de queimadas só nos oito primeiros dias de setembro.
De acordo com o instituto, devido às condições climáticas, não existem queimadas naturais na Amazônia. Elas acontecem por ação humana.
Entre agosto de 2019 e julho de 2020, o INPE registrou ainda um aumento de 34% no desmatamento na região da Amazônia Legal.
bolsonaristas sempre pagando mico