Os Estados Unidos, com a autorização do governo do presidente Juan Carlos Varela, estão realizando manobras militares no Panamá que se estenderão até junho. 415 oficiais ianques circulam armados pelo país, gozando de imunidade diplomática.
Para o destacamento militar que os norte-americanos denominam de Comando Sul, que encabeça a operação, trata-se de “exercícios de assistência humanitária”.
Já a chancelaria local, defende os ‘exercícios’ como “um programa de treinamento dirigido aos setores de segurança nacionais”. Quando os EUA põem um pé em seu território, os panamenhos ficam alerta, pois muitas vezes Washington invadiu a pequena nação centro-americana. Agora partidos políticos progressistas e movimentos sociais se organizam contra a chamada operação Novos Horizontes. O Movimento Polo Ciudadano divulgou um manifesto intitulado ‘Fora militares ianques de Panamá’, do qual publicamos os melhores trechos:
“Com a justificativa de realizar supostos exercícios militares, o governo oligárquico e vende-pátria de Juan Carlos Varela autorizou a presença em território panamenho de um contingente de várias centenas de marines ianques. Essa decisão viola a soberania panamenha, viola a Constituição Política pela qual se supõe que não temos exército e viola a pretendida neutralidade do canal.
“A situação é ainda mais grave porque o governo panamenho autorizou os soldados do imperialismo ianque a transitar pelo território nacional com seus uniformes militares, armados e blindados com imunidade diplomática. Todos nos lembramos do triste caso da jovem Vanessa Rodríguez, assassinada selvagemente por um assessor militar norte-americano, que foi retirado rapidamente do Panamá para que escapasse da justiça nacional.
“Também não podemos desconhecer que estes ‘exercícios militares’ se fazem em momentos em que o governo de Donald Trump, que tem manifestado desejos de anular os Tratados de 1977 e se apoderar novamente do canal, lançou ameaças de agressão militar contra a República da Venezuela. Ameaças que devem ser tomadas a sério, muito mais ainda pelos panamenhos, que sofremos invasões militares norte-americanas dezenas de vezes, a última em 1989.
“O Polo Ciudadano exorta a cidadania a rechaçar a presença de militares estrangeiros, assim como exercícios militares que nos envolvem em planos de agressão dirigidos desde o Pentágono.
“Mobilizemo-nos unitariamente com a consigna que uniu a Nação panamenha por 50 anos: Os mártires falaram claro: Bases NÃO!”
Não foi só no Panamá que, nas últimas semanas, o Pentágono incursionou abertamente com assessores, agentes e tropas com o objetivo de se instalar mais agressivamente na América Latina. No dia 12 passado, a ministra da Segurança, da Argentina, Patricia Bullrich, anunciou desde Washington que o governo de seu país se comprometeu a instalar uma “força de intervenção” [“task force”] da Administração para o Controle de Drogas (DEA) dos Estados Unidos em Posadas, na província de Misiones, na Tríplice Fronteira (Argentina/Brasil/Paraguai). O motivo para incentivar a ingerência é a surrada desculpa sempre usada pelo Comando Sul dos EUA: a “luta contra o narcotráfico” e contra “o terrorismo”.
Na realidade, o local onde essas forças estão se instalando mostra que o que está em jogo é o controle efetivo de áreas estratégicas por seus recursos naturais, neste caso o Aqüífero Guarani de 40.000 km3 de água potável de boa qualidade que subjaz toda a zona da província de Misiones, denuncia o site argentino Kontrainfo. “Pelo mesmo motivo outra ‘task force’ norte-americana similar já está funcionando silenciosamente na província de Salta, zona rica em lítio, governada por Juan Manuel Urtubey, histórico homem ligado ao Departamento de Estado dos EUA”, assinala o portal.