Depois da derrota da Reforma da Previdência e do show pirotécnico de Temer de jogar o Exército para assumir a Segurança Pública do Rio, a chamada base aliada do governo explodiu no Congresso Nacional. O presidente do Senado, Eunício de Oliveira, antes afinado com Temer, afirmou que “ninguém vai pautar a Casa no lugar dos senadores”, numa referência à tentativa do Planalto de emplacar votações de medidas polêmicas como a privatização da Eletrobrás e o congelamento de salários de servidores públicos.
Já o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi mais enfático nas críticas ao governo. Ele afirmou nesta terça-feira (20) que a nova pauta econômica apresentada pelo governo é um “equívoco”, além de “desrespeito” ao Congresso e um “abuso”. Na avaliação de Rodrigo Maia, o Congresso deve pautar aquilo que entende ser “relevante”. Temer quer mostrar serviço para o mundo financeiro, mas ninguém acredita mais nele. A explosão da “base” impede qualquer votação importante. A aprovação, pelas duas casas, da intervenção no Rio, não passa, na verdade de uma vitória de Pirro do Planalto já que apesar de muitos acharem a intervenção de Temer inócua, poucos se dispõem a desconhecer a gravidade da situação e lavar as mãos, mantendo o caos naquela cidade.
“A apresentação de ontem [segunda, 19] foi um equívoco, foi desrespeito ao parlamento, já que os projetos já estão aqui e nós vamos pautar aquilo que nós entendermos como relevante, no nosso tempo”, afirmou Maia nesta terça. “Isso é um abuso”, acrescentou Maia. O presidente da Câmara disse ainda que, na visão dele, o governo tem uma “fixação” de dar respostas à população e, por isso, fez um anúncio que não atende à sociedade.
“Este anúncio precipitado de ontem, sem um debate mais profundo, eu acho que não colabora e essa não será a pauta da Câmara. O governo não precisa ficar apresentando pautas de projetos que já estão aqui. Isso é um café velho e frio que não atende à sociedade”, afirmou. “O governo não tem voto para votar a reforma da Previdência, não dá para ficar criando espuma com a sociedade num tema tão grave como esse. Ou o governo vai apresentar os votos ou eu não vou ficar discutindo, mesmo que por projeto de lei, algo que eu não sei se o governo tem maioria para votar”, afirmou.