“Com a luta ainda mais forte e organizada, é possível ampliar a resistência e recuperar o terreno perdido”, afirma a Federação Interestadual dos Trabalhadores dos Correios
A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) divulgou uma nota afirmando que a batalha contra os cortes de direitos dos funcionários “continua e precisa de ainda mais união e força para superar as dificuldades e conseguir reverter esse momento retrógrado, de ataques generalizados aos trabalhadores e suas conquistas históricas”.
“A categoria ecetista já enfrentou batalhas duríssimas, mas nunca se viu num momento como o atual, um dos piores da história não só dos ecetistas, mas de toda a classe trabalhadora”. “A direção da ECT e o governo não vão se contentar com o que conseguiram impor agora. Vão tentar reduzir os direitos da categoria a zero e terceirizar tudo que for possível”.
“É preciso que todos se mantenham firmes na luta, mobilizados e sindicalizados. E que o trabalho junto à população que se viu na greve, com diálogo, escuta e solidariedade, também prossiga”.
“O que prevaleceu nesse dissídio coletivo e no julgamento foi a campanha do governo e da direção da empresa contra a organização sindical da categoria, uma tentativa covarde de destruir os Sindicatos para acabar de vez com toda forma de resistência dos trabalhadores aos seus ataques”.
“Com o Sindicato e com a luta ainda mais forte e organizada, é possível ampliar a resistência e recuperar o terreno perdido. A Diretoria da FINDECT e dos Sindicatos filiados não sairão da frente de batalha de cabeça baixa. Muito pelo contrário. O empenho será mais decidido que nunca, em busca de um nível superior de organização e luta. E contam com todos os companheiros nessa empreitada!”, afirma a nota da entidade.
Assista no vídeo abaixo a mensagem da Federação:
ASSEMBLEIAS
Os trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT-Correios) aprovaram o retorno às atividades em assembleias, conforme a determinação do Tribunal Superior do Trabalho, nas votações realizadas na segunda-feira (21) e na terça-feira (22), sobre o acordo coletivo de trabalho (ACT).
Os sindicatos de São Paulo, Rio de Janeiro e Maranhão aprovaram o retorno ao trabalho já na segunda. Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais aprovaram o fim da greve em assembleias na terça-feira.
Fruto do movimento, a categoria conseguiu recuperar dispositivos importantes do acordo anterior que haviam sido retirados pela empresa no início de agosto, quando foram cortadas 70 das 79 cláusulas que tratam de benefícios conquistados há décadas pelos trabalhadores. Com a postura de se recusar a negociar com os sindicatos da categoria, a “proposta” apresentada pela estatal nas audiências de conciliação convocadas pelo TST continha apenas 9 cláusulas, sem reajuste salarial.
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A greve dos Correios conquistou reajuste de 2,60%, além de conseguir combater os ataques e reaver 20 cláusulas cortadas pela empresa. Outros dispositivos ficam mantidos por força das leis trabalhistas, fruto da greve que contou com uma adesão histórica da categoria. Sem a resistência apresentada nos últimos 35 dias pelos trabalhadores, certamente o impacto seria muito mais danoso.
De acordo com as informações do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo (Sintect-SP), além das 29 cláusulas mantidas, outros 15 direitos garantidos em lei também ficam mantidos, como: gratificação de férias, trabalho em dia de repouso, licença adoção, período de amamentação, licença maternidade, liberação de dirigentes sindicais, representantes dos(as) empregados(as), itens de uso e proteção, prevenção de doenças, reabilitação profissional, saúde do(a) empregado(a), reembolso creche e reembolso babá, processamento de consignações em folha de pagamento.
Dentre as “propostas” apresentadas pela empresa, havia ainda o interesse da diretoria da ECT de que a oferta de plano de saúde e vale-alimentação fossem facultativos. Ambos os dispositivos foram revertidos no julgamento, mantendo a obrigação da empresa de garantir assistência médica hospitalar e odontológica aos trabalhadores, bem como garantir o vale-alimentação.
Aproveitando-se de um cenário de tentativa de arrocho do governo federal, sustentados pela “reforma” trabalhista de 2017, além das Medidas Provisórias (MPs) publicadas desde 2019, a empresa fez de tudo para que o arrocho completo fosse referendado pela Justiça do Trabalho, sem conciliações com o interesse e direitos dos trabalhadores, o que foi barrado pela ampla greve da categoria.