O escrevente João Nicola Rizzi afirmou na quarta-feira (21), em depoimento ao juiz Sérgio Moro, que preparou minutas de transferência do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), em que Lula aparece como comprador.
João Rizzi declarou que, a pedido do advogado Roberto Teixeira, chegou a preparar duas minutas – uma no nome de Jonas Leite Suassuna e outra no nome de Fernando Bittar – e que os documentos teriam Lula ou a ex-primeira dama, já falecida, Marisa Letícia, como compradores. Funcionário de um cartório de São Paulo, ele disse que o caso tramitou por um tempo e depois “estacionou”.
Jonas Suassuna e Fernando Bittar são sócios do filho do ex-presidente, Fábio Luis Lula da Silva. Cada vez mais se consolidam provas de que Lula é o proprietário oculto do sítio e que Suassuna e Bittar são laranjas. As obras, conforme a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), serviram para adequar o imóvel às necessidades da família do petista.
O depoimento ocorreu na ação penal em que o ex-presidente é acusado de receber reformas no sítio como propina. De acordo com o MPF, Lula recebeu propina de seis contratos firmados da Petrobrás com a Odebrecht e a OAS. Conforme a denúncia, as melhorias na propriedade totalizaram R$ 1,02 milhão. Uma das minutas foi apreendida no apartamento de Lula em São Bernardo, durante a operação da Polícia Federal, em que aconteceu a condução coercitiva do ex-presidente.
Na quarta-feira (22), os advogados de Marcelo Odebrecht apresentaram 21 e-mails trocados entre o empresário e funcionários da empreiteira que, segundo eles, comprovam a negociação envolvendo a compra do terreno para o Instituto Lula.
Segundo a defesa do empreiteiro, as mensagens reforçam o que ele disse no acordo de colaboração premiada a respeito da compra, pela Odebrecht, do terreno que abrigaria a sede do Instituto Lula, em São Paulo, em setembro de 2010.
Em um desses e-mails, o ex-executivo da Odebrecht, Paulo Melo, pede que o setor de propinas do grupo programe três pagamentos e solicita que Marcelo os autorize. Os mesmos valores aparecem na planilha Italiano, relacionados à linha “prédio IL”. De acordo com a força-tarefa, Italiano é uma referência ao ex-ministro Antônio Palocci, que confessou gerenciar pagamentos ilícitos.