“Sou contra qualquer tipo de perdão de dívidas de instituições religiosas”, afirmou Beto Pereira (PSDB-MS)
O deputado federal, Beto Pereira (PSDB-MS), afirmou ao HP que a emenda-jabuti que anistiou dívidas de igrejas e templos religiosos foi um “jeitinho”.
“Votei contra a proposição que tinha como objetivo perdoar dívidas tributárias de instituições religiosas. Esse tema não deve ser tratado por meio de jeitinhos, remendos, perdões que me parecem estar relacionados a casos específicos”, argumentou o deputado do Mato Grosso do Sul.
“Sou contra qualquer tipo de perdão de dívidas de instituições religiosas. Podemos discutir na Reforma Tributária, em amplo debate, um tratamento diferenciado para as instituições comprovadamente sérias”, reafirmou o parlamentar em entrevista à Hora do Povo.
O jabuti foi introduzido no PL Lei (PL) 1581/2020, que tratava de recursos para estados e municípios combaterem o coronavírus, pelo deputado federal David Soares (DEM-SP).
O termo “jabuti” é uma emenda que não tem correlação alguma com o texto original. A emenda-jabuti contou com o apoio do Palácio do Planalto e de sua base aliada nas Casas Legislativas.
Após aprovação do PL pelo Congresso e a repercussão negativa na sociedade, Bolsonaro vetou a emenda alegando que a eventual sanção poderia levar ao seu impeachment, pois o dispositivo, segundo ele, violava a Lei de Responsabilidade Fiscal. No entanto, Bolsonaro declarou que, se fosse parlamentar, votaria pela derrubada do seu próprio veto.
Da publicação do veto para cá, parlamentares têm afirmado que cometeram um erro, ou que foram levados ao erro, na votação que aprovou o jabuti de David Soares, e que pretendem agora votar pela anulação da emenda, isto é, votar pela manutenção do veto presidencial.
“Votarei para manter o veto, porque foi uma sacanagem o jeito que enfiaram esse jabuti numa votação remota”, declarou o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) que havia votado, anteriormente, a favor da emenda.
Outro congressista que também votou a favor, mas também declarou que irá votar pela manutenção do veto é a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA). “A manutenção do veto [presidencial] acaba com o equívoco cometido por vários deputados e deputadas”, disse.
David Soares é filho do fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, o bispo R. R. Soares.
Segundo a revista norte-americana Forbes, em ranking de 2013, o pastor R. R. Soares figura na quarta colocação entre os cinco pastores evangélicos mais ricos do Brasil, com um patrimônio estimado (de acordo com a cotação do dólar da época, R$ 2,031) em US$ 125 milhões, ou R$ 250 milhões.
Em primeiro lugar estava o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Edir Macedo, com uma fortuna estimada em US$ 950 milhões, ou cerca de R$ 1,9 bilhão; seguido pelo fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago, com um patrimônio de US$ 220 milhões, ou aproximadamente R$ 440 milhões; e de Silas Malafaia, que é líder da maior igreja pentecostal do Brasil, Assembléia de Deus, com uma fortuna de US$ 150 milhões, ou R$ 300 milhões.
Na quinta colocação estavam Estevam Hernandes Filho e sua esposa Sonia, fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, com um patrimônio líquido estimado em US$ 65 milhões, ou R$ 130 milhões.
Entre os que foram citados pela Forbes, apenas Silas Malafaia contestou os números divulgados pela revista. Silas Malafaia disse que seu patrimônio corresponderia a apenas 4%, ou R$ 6 milhões e não R$ 150 milhões, em uma entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
A revista retificou os dados em relação a Malafaia no início do ano passado, mas manteve as informações em relação aos outros.
E não consta que nenhum deles esteja passando fome hoje. Muito pelo contrário.
ANTONIO ROSA
Relacionadas: