Setor perdeu 480 mil postos de trabalho entre março e agosto
A crise que atingiu toda a economia do país teve grandes proporções para o setor do turismo, que contabiliza a perda de 49,9 mil estabelecimentos e mais de 480 mil postos de trabalho formais entre março e agosto deste ano.
Além das medidas de isolamento necessárias para conter a pandemia e do caráter não essencial dos serviços de turismo, a falta de socorro e dificuldades de acesso ao crédito para manter empregos e negócios funcionando foram fatores determinantes para empresários de todos os segmentos e todos os portes.
Os dados sobre o impacto da pandemia no setor – que inclui, além de hotéis, bares e restaurantes – foram divulgadas nesta segunda-feira (5) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) que aponta que ao menos 16,7% dos estabelecimentos e serviços de turismo fecharam as portas no período.
Com a flexibilização do isolamento, diversos setores da economia se mantêm em risco já que o desemprego e o arrocho da renda frearam a demanda. A expectativa da CNC é que 2020 encerre com saldo negativo de 42,7 mil estabelecimentos.
“A aversão de consumidores e empresas à demanda, somada ao rígido protocolo que envolve a prestação de serviços dessa natureza, tende a retardar a retomada do setor”, disse José Roberto Tadros, presidente da entidade.
Os estabelecimentos que mais sofreram, especialmente por conta da dificuldade de conseguir acessar crédito e socorro, foram os de menor porte. Do total, 48,4 mil fechados são de pequeno e micro porte.
Regionalmente, todas as unidades da Federação registraram redução do número de unidades ofertantes de serviços turísticos, com destaque para São Paulo (-15,2 mil), Minas Gerais (-5,4 mil), Rio de Janeiro (-4,5 mil) e Paraná (-3,8 mil).
Os serviços de alimentação fora do domicílio, como bares e restaurantes (-39,5 mil), e os de hospedagem em hotéis, pousadas e similares (-5,4 mil) e de transporte rodoviário (-1,7 mil), foram os mais impactados.
Desemprego
Nos seis meses de pandemia, foram eliminados 481,3 mil postos formais de trabalho no setor, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “A destruição destas vagas representou uma retração de 13,8% no contingente de pessoas ocupadas nessas atividades. E na média de todos os setores da economia, a variação relativa no estoque de pessoas formalmente ocupadas cedeu 2,6%”, diz Fabio Bentes, economista da CNC responsável pela pesquisa.
Faturamento
O cálculos da CNC computaram perdas de R$ 207,85 bilhões em sete meses. Apenas em julho, o faturamento foi 56,7% mais baixo que o verificado no primeiro bimestre.
“Mesmo com as perdas ligeiramente menos intensas nos últimos meses, o setor explorou apenas 26% do seu potencial de geração de receitas durante o período”, destaca Bentes.