A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou na terça-feira (6) os Indicadores Industriais de agosto. Embora positivos na comparação mensal, os índices se mantém negativos no acumulado do ano e na comparação com o ano passado, mostrando que os efeitos da pandemia ainda atingem o setor industrial.
Segundo a CNI, todos os indicadores industriais avançaram em agosto em relação a julho: faturamento real (2,3%), horas trabalhadas na produção (2,9%), emprego (1,9%), massa salarial (4,5%), rendimento médio real (2,8%) e a Utilização da Capacidade Instalada (de 76% para 78,1%).
Porém, o retorno das atividades que foram paralisadas durante a pandemia, não conseguiram compensar os resultados negativos que o setor vem acumulando. De acordo com a pesquisa, o faturamento do setor de janeiro a agosto foi -3,9% mais baixo que do ano passado. O indicador de horas trabalhadas na produção acumula queda de -8,2% no ano e estava, em agosto, -3,3% abaixo do observado no mesmo mês do ano passado.
O emprego na indústria – ainda abaixo dos níveis pré-pandemia (fevereiro), caiu -2,7% no acumulado do ano e -2,9% em agosto sobre agosto de 2019.
A massa real salarial, que também compõe o estudo da CNI, registrou queda de -6,1% e -5% no ano até agosto e na comparação com mesmo mês do ano passado, respectivamente.
Apesar de comemorado, o fato de o setor ter recuperado em agosto os níveis pré-pandemia não representam trajetória de recuperação – já que a produção industrial do país, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, caiu -8,6% no ano até agosto.
A redução do auxílio emergencial (que vinha segurando a demanda), o desemprego crescente e a falta de uma plano de recuperação econômica com a atuação forte do Estado descredibilizam qualquer discurso sobre saída da crise, afirmam economistas.
“É muito pouco provável, para não dizer impossível, que a recuperação cíclica se dê por conta do investimento privado. Empresários investem para ajustar o tamanho da sua capacidade produtiva ao crescimento esperado das vendas”, disse José Luis Oreiro, economista e professor da Universidade de Brasília (UNB).
Com grande capacidade ociosa, “os empresários não têm nenhuma razão para investir. Uma recuperação puxada pelo investimento privado seria muito pouco provável, e com a crise do coronavírus a situação ficou ainda pior”, disse Oreiro em recente reunião do Conselho Federal de Economia.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) da indústria de transformação alcançou 78,1%, após ajuste sazonal, e se encontra 0,8 ponto percentual (p.p.) abaixo do percentual de fevereiro deste ano.