OMS advertiu, na segunda-feira (12), que as ações fundamentais para conter o coronavírus são a testagem, o rastreamento de contatos e a busca ativa de casos para isolar os infectados. Bolsonaro não apoiou nada disso
A Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a advertir que as medidas mais importantes e fundamentais para conter a pandemia do coronavírus são a testagem ampla da população, o rastreamento de contatos e a busca ativa de casos com o isolamento seguro dos infectados. Ele também falou da higiene, do uso de máscaras e do distanciamento.
Segundo o especialista, o isolamento indiscriminado mostrou-se insuficiente para combater a pandemia. “Os bloqueios simplesmente congelam o vírus… não conduzem à sua eliminação”, alertou.
“Trabalhem juntos e aprendam uns com os outros”, exortou o doutor David Nabarro, assessor especial e encarregado da OMS para a pandemia na Europa, em entrevista nesta segunda-feira (12) ao site argentino Infobae.
O representante da OMS sugeriu aos governantes que sigam o exemplos dos países que obtiveram os melhores resultados na batalha contra a pandemia, como foi o caso da China e de outros países asiáticos.
Nestes locais toda a estratégia para debelar a epidemia se baseou no combate direto ao vírus, que se deu com a ajuda da testagem ampla, da vigilância rigorosa dos casos pelos serviços de saúde e do isolamento rigoroso dos infectados.
Esta estratégia fez com que a China, um país com uma população de 1,5 bilhão de habitantes, pudesse vencer a pandemia apresentando menos de 5 mil mortes pela Covid-19. Com isso, sua economia já está em recuperação.
Quase todas essas medidas, destacadas como fundamentais pelo representante da OMS, foram sabotadas pelo governo Bolsonaro.
Ele dizia que uso de máscaras era “coisa de covardes” e que não precisava fazer nada contra o coronavírus, primeiro porque era uma gripezinha e depois porque haveria uma “imunidade de rebanho” que, segundo ele, acabaria reduzindo o número de casos.
Se muitos se infectassem e morressem, paciência, “a vida é assim mesmo”, dizia ele. “O que vocês querem que eu faça?”, perguntou várias vezes.
Hoje já passamos de 150 mil brasileiros mortos, atrás apenas dos EUA, com mais de 200 mil mortos.
Este comportamento insano de Bolsonaro foi denunciado, inclusive, nesta segunda-feira (12), pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, no programa Roda Viva. Mandetta disse claramente que o presidente agiu consciente e sabendo que colocava vidas em risco (veja matéria nesta edição).
Por conta desse comportamento de Bolsonaro, não foram feitos testes em número suficientes, faltaram insumos, faltaram equipamentos, as buscas e o rastreamento de infectados deixaram de ser feitas. O isolamento adequado dos infectados simplesmente não existiu, ou existiu em casos isolados. Era cada um por si. Não houve apoio aos estados, aos municípios e às famílias para garantir o isolamento efetivo dos infectados.
O vírus acabou circulando quase livremente por todo o país. Não foram erguidas barreiras eficazes, baseadas em medidas de vigilância epidemiológica, que impedissem a propagação da doença. Em suma, por conta do desgoverno Bolsonaro, por conta de sua ignorância e prepotência sem limites, uma crise sanitária foi transformada em tragédia.
O governo federal literalmente lavou as mãos. Categorias inteiras de trabalhadores foram expostas à doença sem equipamentos de proteção, sem protocolos adequados para a sua defesa e acabaram transmitindo para seus familiares e amigos.
Os governadores tiveram que agir sozinhos, sem uma coordenação nacional e sem o apoio adequado do governo federal. Pelo contrário, Bolsonaro abriu guerra contra os governadores e os prefeitos. O ministério da Saúde sofreu intervenção e os recursos para o enfrentamento da pandemia sofreram retenções inadmissíveis. Ou seja, uma catástrofe.
O doutor David Nabarro, ao falar pela OMS, nesta segunda (12), chamou a atenção, portanto, de que somente o isolamento é insuficiente para combater a pandemia. Para ele é necessária a vigilância epidemiológica.
“Isto significa unidades para testagem, rastreio, isolamento e proteção em todos os lugares, com medidas de rendimento claramente justificadas”, afirmou. “É importante que haja suficiente capacidade de testagem para detectar onde está o vírus, detectar picos e controlar os aumentos repentinos”, alertou.
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