O governo da Catalunha convocou para dia 1º de outubro um plebiscito sobre sua independência da Espanha. Será feita a pergunta: “Quer que a Catalunha seja um Estado independente sob a forma de república?”. Se ganhar o “sim”, o executivo catalão pretende declarar a independência da atual região autônoma.
Os movimentos independentistas na Espanha vêm se fortalecendo à medida que a crise espanhola se agrava, como se a separação pudesse resolver problemas resultantes da política de arrocho contra os trabalhadores e a população em geral, que enfrenta uma taxa de desemprego da ordem de 20%. O governo espanhol curva-se à Troika (União Europeia, BC Europeu e FMI), ampliando cortes contra direitos populares para repassar mais recursos aos banqueiros que ainda não se recuperaram totalmente da crise que eles próprios provocaram em 2008. À população, que sai às ruas para exigir direitos, o governo responde com repressão.
420 religiosos catalães pediram que o papa Francisco medie o conflito entre a Espanha e a região da Catalunha. Eles pedem o “fim da repressão” e sugerem que o Papa “convide o governo da Espanha, publicamente ou por via diplomática, a rever sua oposição visceral ao referendo”, que resultou em dezenas de prisões, das quais 14 líderes catalães, além da apreensão de milhares de cédulas de votação.
Para o cantor catalão, Joan Manuel Serrat, nascido em Barcelona, o plebiscito traz o risco de uma “grande fratura social” na Catalunha, que “custará muito a ser recuperada”. Para ele o referendo tem problemas de representatividade e transparência.
Serrat critica a convocação baseada em uma lei aprovada as pressas e sem discussão. “Fizeram estas leis de um dia para o outro, sem discussão. Esse tipo de referendo, realizado dessa forma, me dá a sensação de que não representa nada”. Para ele, além disso, “esse conflito maquia anos de arrocho econômico e de corrupção política”.
Serrat criticou o governo de Rajoy, “responsável por tudo o que está acontecendo”. A questão do arrocho “desapareceu da discussão e tudo se resume a este sentimento tão justo que é o independentismo. Independência é uma palavra charmosa, que inflama o coração dos jovens e que mobiliza as pessoas”. Porém “como ficará a saúde pública” da Catalunha com sua saída da Espanha, questionou o cantor.