Faltando nove dias para a eleição nos EUA, o tempo está se esgotando para o presidente Donald Trump virar a votação, assinalou no domingo (25) a CNN, que prognosticou que o oponente democrata Joe Biden estaria com 290 votos no colégio eleitoral neste momento, contra 163 de Trump.
“A vantagem de Biden sobre Trump, tanto nacionalmente como nos estados indecisos, vem se mantendo”, conforme as pesquisas disponíveis, em contraste com o que aconteceu há quatro anos, quando “neste ponto na eleição de 2016 Hillary já estava colapsando” e Trump estava “rapidamente fechando a lacuna”.
“O que não está sendo visto na votação de 2020”. No momento, o Biden está na dianteira cerca de 9 a 10 pontos nacionalmente, dependendo da pesquisa utilizada.
Mais importante, Biden tem “mais de 50%” das intenções de voto.
Conforme a CNN a margem de Biden pode cair cerca de um ponto em relação ao início de outubro, embora esteja bem dentro da média histórica do início do ano.
A CNN também comparou os fatores em jogo agora e há quatro anos. Em 2016, neste momento da disputa, acabava de vir a público a carta do chefe do FBI James Comey “investigando e-mails no laptop de Anthony Weiner que estavam potencialmente relacionados a uma investigação do uso de um servidor privado por Hillary Clinton”. “Nenhuma bomba dessa magnitude saiu este ano”, observa a rede de notícias.
Continuando a avaliar a evolução das duas disputas, a CNN observa que, a nove dias da eleição em 2016, “a vantagem de Clinton caíra para apenas cerca de 4 pontos percentuais”, quando fora de 7 pontos percentuais 21 dias antes.
O comparecimento de 45% dos votantes de Clinton foi “baixa o suficiente” para deixar Trump com “muito espaço na semana final de campanha” para assediar os eleitores mais indecisos, que não tinham preferência por nenhum dos candidatos naquele momento.
Para a CNN, “tudo o que Biden realmente precisa fazer agora para vencer é segurar os eleitores que [já] possui”.
Mas as diferenças vão além do tamanho da vantagem nas pesquisas nacionais.
A chamada ‘favorabilidade líquida’ (favorável menos desfavorável) de Trump, segundo pesquisa ABC News/Ipsos realizada após o debate final e publicada no domingo, é de menos 22 pontos percentuais. Ou seja, profundamente negativa. Dito de outra forma: é mais, bem mais detestado do que amado.
A CNN observa que esse tipo de situação não é novidade para Trump: Foi a norma durante sua presidência e foi verdade também durante sua candidatura de 2016 à Casa Branca.
O mesmo índice, para Biden, foi de +1 ponto percentual.
Voltando à comparação com Hillary, ela teve classificações de favorabilidade líquida quase universalmente negativas no último mês e a nove dias da eleição de 2016. Precisava ganhar os eleitores indecisos que não gostavam dela nem de Trump, mas não conseguiu.
“Hoje, Biden não precisa fazer nada disso. Tudo o que ele precisa fazer é conquistar os eleitores que gostam dele”, sublinhou a CNN.
“Nossa última pesquisa CNN/SSRS mostrou Biden derrotando Trump por uma margem de 93% a 6% entre os prováveis eleitores que tinham uma visão favorável de Biden”, destacou.
Ainda segundo a CNN, três pesquisas estaduais divulgadas no domingo pela CBS News/YouGov também indicam que houve pouco movimento em direção a Trump. O que é importante notar aqui é que são quase idênticas às que CBS News/YouGov encontraram da última vez que estiveram em campo.
Na Flórida, Biden está com 50% contra 48% de Trump. No mês passado, era 48% Biden a 46% para Trump.
Na Geórgia, Biden está com 49% contra 49% de Trump. No mês passado, era 47% Trump a 46% para Biden.
Na Carolina do Norte, Biden está com 51% e Trump com 47%. No mês passado, era de 48% de Biden contra 46% de Trump.
Embora tais resultados estejam dentro da margem de erro, são consistentes com as médias das pesquisas que dão a Biden 2 a 3 pontos de vantagem na Flórida e na Carolina do Norte e uma disputa equilibrada na Geórgia.
Uma vitória de Trump pressuporia, no atual quadro, quase certamente, precisar vencer em todos esses três estados. Biden, avalia a CNN, gostaria de vencer em pelo menos um, mas mesmo que isso não ocorra ainda há outras possibilidades para chegar aos 270 votos da vitória.
A CNN volta a enfatizar que nas semanas finais de 2016 as pesquisas estaduais mostravam Trump em ascensão. Hoje, essas mesmas pesquisas têm Biden à frente e em uma posição clara para vencer, exceto por um desenvolvimento inesperado nos últimos nove dias.
CORONAVÍRUS NA CASA BRANCA-2
No final de semana, o único fato digno de nota foi que o chefe de gabinete do vice-presidente Mike Pence, Mark Short, pegou Covid. O foco de contágio na Casa Branca segue fervendo.
Notícia que provavelmente – pelo menos nos poucos indecisos que ainda sobram – deve piorar a avaliação sobre a capacidade de Trump de fazer frente à Covid-19, além de desmoralizar suas promessas de que a pandemia “está desaparecendo”.
Pelo menos três membros adicionais da equipe de Pence testaram positivo para o coronavírus. Segundo o New York Times, citando duas fontes sob anonimato, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, tentou impedir que as notícias sobre o último surto se tornassem públicas.
O porta-voz da Pence, Devin O’Malley, disse que tanto o vice-presidente quanto sua esposa testaram negativo para Covid-19 no sábado e “continuam com boa saúde”. Pence planeja continuar em campanha, o que contraria a orientação oficial de que em caso de contato com alguém infectado a pessoa deve ficar isolado em casa por 14 dias, mesmo se o teste for negativo ou se sentir saudável.
Saskia Popescu, especialista em doenças infecciosas da George Mason University, classificou a decisão de Pence de manter sua agenda de viagens agressiva de “negligência grosseira”.
“É apenas um insulto a todos que trabalham na saúde pública e na resposta à saúde pública”, disse Popescu à Associated Press. “Também acho muito prejudicial e desrespeitoso as pessoas que vão ao comício … Ele precisa ficar em casa 14 dias. Eventos de campanha não são essenciais.”
O epidemiologista Eric Feigl-Ding, da Federação de Cientistas Americanos, também condenou a decisão do vice de Trump de continuar fazendo campanha, apesar da exposição a um vírus que matou quase 225.000 pessoas nos EUA e continua a se espalhar descontroladamente pelo país inteiro.
“O teste de Pence deu negativo, mas isso não significa nada imediatamente”, assinalou Feigl-Ding. “Ambos [Stephen] Miller e [Kayleigh] McEnany testaram negativo por 4-5 dias consecutivos antes de testar Covid-19 positivo no último dia. A infecção precoce nem sempre [é] detectável, mas ainda pode ser infecciosa.”