A delegação intercoreana voltou a emocionar, com atletas levando bandeiras azuis e brancas da Coreia unida e as bandeiras do norte e do sul.
As “Olimpíadas da Paz” – os Jogos de Inverno de PyeongChang – foram encerradas no domingo (25) em uma empolgante cerimônia, com atletas do mundo inteiro comemorando e cantando juntos, novo desfile conjunto de coreanos do norte e do sul, conclamação do presidente do Comitê Olímpico Internacional pelas “pontes construídas pelo esporte” e a conclusão quase unânime de que a Coreia Popular, contra todas as ameaças e provocações do desvairado Trump, conquistou o ouro olímpico da diplomacia.
Novamente marcou o ato de encerramento o caloroso aperto de mão do presidente do sul, Moon Jae-inn, ao líder da delegação do norte, Kim Yong Chol, vice-diretor do Partido do Trabalho. Para não repetir o desastre na abertura do isolamento de seu vice, Mike Pence, que não conseguia disfarçar seu amuo com as 35 mil pessoas bradando “a Coreia é uma só” e a entrada da delegação intercoreana, Trump enviou sua filha, Ivanka – além do seu chefe da ocupação no sul, general Vincent Brooks. O presidente Moon afirmou que o norte “estava muito interessado” em conversações diretas com Washington.
A delegação intercoreana voltou a emocionar, com atletas levando bandeirinhas azuis e brancas da Coreia sem divisões, e as bandeiras do norte e do sul. De novo, a “comissão de frente” foi formada pelas duas partes. O presidente do COI, Thomas Bach, fez questão, antes de convidar todos a Pequim-2022, de chamar dois atletas coreanos, um do norte e outro do sul, Yun Sung-bin e Ryom Tae Ok.
Foi a iniciativa do líder da Coreia Popular, Kim Jong Un, em discurso de ano novo, em convocar os compatriotas do norte, do sul e do exterior ao entendimento “entre nós coreanos” pela reconciliação nacional, que abriu caminho para a retomada de conversações entre as duas partes em que a nação coreana foi dividida pela ocupação dos EUA, conduzindo à delegação intercoreana na abertura e e no encerramento, ao inédito time conjunto de hóquei no gelo feminino e à trégua olímpica apesar dos piromaníacos ianques e seus fantoches japoneses.
A presença da simpática Kim Yo Jong, irmã do líder do norte, ajudou a desqualificar as caricaturas fabricadas pela mídia amestrada pela CIA para tornar quem defende sua soberania em “monstro” ou “maluco”. Foi ela quem levou pessoalmente ao presidente Moon a carta em que Kim o convida a visitar o norte “o mais breve possível”.
Compreendendo todo o alcance da inédita equipe feminina intercoreana, a norte-americana integrante da direção do COI e quatro vezes campeã mundial de hóquei no gelo e medalha de ouro olímpico, Ângela Ruggiero, pediu que esta fosse indicada para o Nobel da Paz. Também chamaram a atenção a alegria demonstrada pelas torcedoras do norte, assim como as exibições da equipe de Taekwondo e da orquestra Samjiyon. Agora norte e sul estão discutindo a presença nos Jogos Paralímpicos, que terão início no dia 8 de março e irão até o dia 18.
No encerramento, atletas e torcedores também se entusiasmaram com a formação, com drones, da imagem do mascote dos Jogos Olímpicos, um tigre branco, com um coração em volta dele. Para homenagear a China, que irá sediar os próximos jogos de inverno, os sul-coreanos fizeram uma apresentação cheia de luzes, com ursos pandas patinando. O prefeito de PyeongChang, Sim Jae Kook, entregou a bandeira olímpica para Jining Chen, prefeito de Pequim, sede da próxima edição dos Jogos.
SANÇÕES ILEGAIS
Enquanto a Coreia Popular ganhava o ouro da diplomacia, Trump ‘Meu Botão Nuclear é Maior’ anunciou na véspera do encerramento das Olimpíadas da Paz sanções ilegais contra Pyongyang, por fora do Conselho de Segurança da ONU, ameaçando ir até à pirataria, com abordagem em alto mar, e chantageou com “passar à fase 2”.
Em seu discurso na abertura, o presidente do sul, Moon, afirmou que “foi com um desejo ardente que o povo da Coreia, a única nação dividida do mundo, aspirou sediar os Jogos de Inverno”. Nação com cinco mil anos de história, a Coreia foi dividida em norte e sul pela ocupação dos EUA, que se recusa a assinar um tratado de paz e a fechar suas bases e retirar 28 mil marines. A Coreia Popular foi forçada a, sob condições extremas, desenvolver sua força de dissuasão nuclear, após ser ameaçada de “ataque nuclear preventivo” pelo então presidente ianque W. Bush, que rompeu acordo assinado entre EUA e RPDC com mediação de Jimmy Carter, no governo de Bill Clinton (como agora Trump tenta contra o acordo 5+1 com o Irã) – e os pressupostos da Não-Proliferação, que proíbem uma nação nuclear de ataque nuclear a um país não-nuclear.
ANTONIO PIMENTA