Alta no mês foi puxada por alimentos como arroz (13,36%) e óleo de soja (17,44%)
Com a aceleração dos preços dos alimentos, a inflação oficial do país medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou aumento de 0,86% em outubro – o maior resultado para o mês dos últimos 18 anos. Em setembro, o reajuste de preços havia sido de 0,64%.
Divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira (6), o IPCA também registrou aumento do índice de difusão, que mede a proporção de itens com alta de preços diante do total. Esse índice foi de 68% em outubro (ante 63% em setembro), o maior do ano.
Com o desemprego atingindo 14 milhões de pessoas e o auxílio emergencial – que atende mais de 65 millhões de pessoas – cortado à metade pelo governo, foi a inflação dos alimentos (+1,93%) que teve maior impacto na composição do índice (0,39 ponto percentual). Isso mostra que a disparada dos preços, ainda durante a pandemia, não está relacionada ao aumento da demanda – mas com a falta de uma política econômica de regulação para contenção dos preços.
Os preços do arroz (+13,36%) e o óleo de soja (+17,44%), produtos essenciais da cesta básica, seguiram como destaques na inflação de outubro. Com essas contribuições, o item de alimentação para consumo no domicílio avançou 2,57%.
No ano, arroz e óleo de soja acumulam altas de 59,48% e 77,69%, respectivamente. Nesse período, o governo pouco fez para manejar a crise dos preços e assegurar o abastecimento do mercado interno.
No caso da soja, à despeito do Brasil ser o maior produtor do planeta, faltou para consumo interno porque a produção de grãos tem sido direcionada à exportação. Ao invés de uma política de regulação, o governo optou por zerar impostos de importação. O mesmo fez para incentivar a importação de arroz – o que não fez os preços baixarem nas prateleiras.
“O Estado tem a obrigação de organizar políticas públicas que reduzam os preços dos alimentos no país e que protejam a população da especulação das commodities, que prejudica principalmente os consumidores mais pobres”, opinou o economista Flauzino Antunes, membro do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal.
Além do preço dos alimentos, a difusão pôde ser vista na aceleração da inflação dos grupos vestuário (1,11%) e artigos de residência (1,53%), influenciada por eletrodomésticos e equipamentos, com avanço de 2,38%, ante 0,47% em setembro.
PRISCILA CASALE