“Ficou claro que o evento adverso não tinha relação com a vacina CoronaVac”, afirmou Jorge Venâncio
O coordenador da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), Jorge Venâncio, afirmou que “só se suspende uma pesquisa quando o evento adverso é diretamente ligado ao medicamento ou a vacina que está sendo testada” e que no caso da CoronaVac “claramente não tem relação”.
Venâncio explicou que a Conep foi avisada sobre o falecimento de um voluntário da vacina para coronavírus CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, na sexta-feira (6) e imediatamente organizou uma audiência para que o caso fosse esclarecido.
“Só se suspende uma pesquisa quando o evento adverso é diretamente ligado ao medicamento ou a vacina que está sendo testada”
“Pelo que nos foi relatado, a causa da morte não tinha relação com a vacina, mas pedimos um conjunto de documentos. Na conversa e com os dados que foram trazidos, ficou claro que o evento adverso não tinha relação com a vacina. Portanto, não se justificava a suspensão do estudo”, afirmou Jorge Venâncio em entrevista para a CNN Brasil, GloboNews e UOL. O voluntário não faleceu por conta da vacina, mas por suicídio.
Ao contrário da Conep, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) preferiu por determinar a suspensão dos testes sem dar detalhes. Jair Bolsonaro, que é contra a vacinação da população, ainda por cima através da vacina desenvolvida pela China e pelo Instituto Butantan, comemorou a suspensão e disse que “ganhou” de João Doria, governador de São Paulo.
O Instituto Butantan mostrou para a Conep documentos que provaram que o voluntário estava em bom estado de saúde e que já tinha tomado a segunda dose da vacina há 24 dias.
“É necessário ter uma separação se o evento está ligado à vacina que está sendo testada ou se é desvinculada e, portanto, não justifica a suspensão da pesquisa”, explicou o coordenador da Comissão. “Se a gente for suspender a pesquisa por qualquer coisa que ocorrer, a pesquisa não sai do lugar”.
Para ele, a vacina “é indispensável. Nós estamos em uma situação sanitária gravíssima e não tem sentido a gente ter um comportamento burocrático, de se comportar como se estivéssemos na normalidade. A situação é excepcional e precisa de medidas excepcionais, portanto”.
Jorge Venâncio disse que “as pesquisas têm tido uma quantidade de eventos adversos muito pequena e de coisas leves, no fundamental. Os resultados das pesquisas estão parecendo muito promissores”.
“A vacina é fundamental. É o que está parecendo ser a solução para o problema que estamos passando”, continuou.
Em sua avaliação, “os grupos que resistem a qualquer tipo de vacina têm um peso relativamente pequeno na população. O drama da quantidade de contaminações e de óbitos que estamos tendo todos os dias me parece muito mais grave, mais sério e ameaçador do que qualquer resultado de vacina”.
“Acredito que a grande maioria das pessoas quer ser vacinada e não correr o risco de ficar doente”.
Venâncio também comentou que outras vacinas são promissoras. “Parece que tanto a vacina de Oxford, que tem convênio de produção com Fiocruz, quanto a vacina chinesa, que está em convênio com o Butantan, que admite a possibilidade de transferência de tecnologia e produção nacional, são as que estão com maior possibilidade”, disse.