A Justiça Eleitoral determinou que o Google retire imediatamente do ar um vídeo com informações falsas utilizado pelo candidato Celso Russomanno (Republicanos) contra o candidato Guilherme Boulos (PSOL).
O vídeo foi produzido pelo blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, que já foi preso pela Polícia Federal em 26 de junho. Ele é um dos principais envolvidos no inquérito das fake news. A PF o prendeu na época sob o argumento de que ele estava utilizando táticas para não ser localizado, obstruindo investigações.
Eustáquio é investigado na Operação Lume, inquérito que apura financiamento, apoio e organização dos atos antidemocráticos que defendem o retorno da ditadura e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo decisão do juiz eleitoral Emílio Migliano Neto, “o cenário delineado pela matéria, não encontra lastro nem sequer em indícios […] permitindo-se, sem temor, de ser adjetivado de sabidamente inverídico, extravasando o debate político-eleitoral”.
“O perigo do dano, para o candidato representante [Boulos], decorre da proximidade do pleito eleitoral, pois sua imagem irremediavelmente prejudicada em razão da não suspensão do vídeo veiculado”, afirma o magistrado. A decisão acatou um pedido feito pelo candidato psolista e prevê aplicação de multa diária em caso de descumprimento.
O vídeo com a informação falsa foi divulgado no mesmo horário em que acontecia o debate UOL/Folha por Eustáquio.
Durante o debate, Russomanno questionou Boulos sobre supostas empresas fantasmas que teriam recebido dinheiro do psolista. São elas as produtoras Kyrion Consultoria e a Filmes de Vagabundo. A primeira foi contratada por R$ 500 mil e a segunda, por R$ 28 mil, de acordo com as despesas declaradas pelo candidato. As duas produtoras são de uma diretora de cinema freelancer e de uma equipe que trabalha remotamente durante a pandemia de Covid-19.
Segundo Russomanno, uma “equipe de reportagem” teria divulgado nas redes sociais que procurou duas produtoras, mas não encontrou ninguém nos locais indicados. A “equipe de reportagem” que Russomanno fala é na verdade a fake news produzida por Eustáquio.
Para o juiz Emiliano Migliano Neto, os “autos revelam sem sombra de dúvidas, numa cognição sumária nesta fase processual, um estratagema altamente reprovável no atual momento em que passa nosso país”.
O blogueiro Eustáquio já apareceu em lives com o ex-deputado condenado por corrupção Roberto Jefferson, quando o líder do PTB defendeu que haveria uma tentativa de golpe contra Bolsonaro. Ele também foi assessor da ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, durante o governo de transição.