
João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi espancado e morto por dois homens em uma unidade do supermercado Carrefour na capital do Rio Grande do Sul, na noite desta quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra. As imagens da agressão foram gravadas e circulam nas redes sociais.
Os dois assassinos, um de 24 anos e outro de 30 anos, foram presos em flagrante. Um deles é policial militar e foi levado para um presídio militar. O outro é segurança da loja e está em um prédio da Polícia Civil. A investigação trata o crime como homicídio qualificado. O Carrefour e a polícia não divulgaram os nomes dos agressores.
A Brigada Militar, como é chamada a Polícia Militar no Rio Grande do Sul, informou que o espancamento começou após um desentendimento entre a vítima e uma funcionária do supermercado.
“A esposa [da vítima] referiu que eles estavam no mercado fazendo compras, que o marido fez um gesto, que ela não soube especificar, para a fiscal. E ele teria sido conduzido para fora do mercado”, destaca a delegada Roberta Bertoldo, responsável pelo caso.
Na manhã desta sexta-feira (20), os vereadores negros eleitos na capital gaúcha realizaram um protesto em frente ao supermercado.
Bruna Rodrigues, uma das vereadoras negras eleitas em Porto Alegre condenou o ato racista.
A candidata a prefeita da cidade, Manuela D’Ávila, rechaçou o assassinato e exigiu a investigação do crime. “Estava no debate da Band e na saída soube do assassinato de um homem negro pela abordagem violenta dos seguranças do estacionamento do Carrefour. Sei que já há pedido de investigação sendo feito por parlamentares e pela bancada antirracista recém eleita. Mas as imagens dizem muito”
Para Manuela, o “racismo que estrutura as relações de nossa sociedade precisa ser enfrentado de frente. As mulheres e homens brancos precisam assumir a sua responsabilidade na luta antirracista. Quantos Betos? Qual pessoa branca você viu ser vítima dessa violência?”
O Carrefour informou, em nota, que lamenta profundamente o caso, que iniciou rigorosa apuração interna e tomou providências para que os responsáveis sejam punidos legalmente.
A rede, que atribuiu a agressão a seguranças, tenta eximir a sua responsabilidade no caso. A multinacional também chamou o ato de criminoso e anunciou o rompimento do contrato com a empresa terceirizada que responde pelos funcionários agressores.
Também em nota, a Brigada Militar informou que o PM envolvido na agressão é “temporário” e estava fora do horário de trabalho.
Segundo o comunicado, as atribuições dele na corporação são limitadas à “execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento” e “guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos”. A Brigada não informou o que ele fazia no mercado.