O primeiro ano de governo de Jair Bolsonaro foi catastrófico para o combate à fome no país. De acordo com um levantamento realizado pelo economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social – que acompanhou dados da Gallup World Pool de 145 países – 53% dos mais pobres afirmaram ter faltado dinheiro para comida no ano passado. No ranking sobre segurança alimentar produzido pelo pesquisa, o Brasil caiu da 39a para a 62a posição entre 2014 e 2019.
Neri disse ao jornal O Globo que, ter entrado na pandemia nessa situação, fará com que a situação se agrave ainda mais. Segundo o economista, a fome anda junto com a extrema pobreza, que registrou o seu pior índice dos últimos anos em 2019.
Além do levantamento internacional, o IBGE apresentou em setembro dados de 2018 que mostraram a insegurança alimentar voltando aos patamares de 2004 – sob a iminência de retornar ao Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas.
“Há um movimento ascendente e acentuado da pobreza. É um dado irrefutável. A falta de condição para adquirir alimentos por uma parte da população vem aumentando”, disse Francisco Menezes, pesquisador do Ibase e do ActionAid, também ouvido em reportagem do O Globo.
Dados do Conselho da Ação da Cidadania estimam que em 2018, 85 milhões de pessoas viviam em lares sem segurança alimentar. Com a pandemia, os números estimados chegam a cem milhões, metade da população.
“Estávamos vendo a situação piorar antes de as estatísticas mostrarem. A vivência nos nossos 26 comitês estaduais indicavam que a miséria e o desemprego iriam gerar fome. Avisamos ao governo, mas disseram que só queríamos fazer campanha contra”, disse Daniel de Souza, presidente do Conselho.