
No horário eleitoral desta quarta-feira (24), a candidata Manuela D’Ávila (PCdoB) expôs novamente os apoiadores de Sebastião Melo (MDB) que têm exibido posições racistas, reproduzindo o áudio do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) e do ex-candidato a prefeito Valter Nagelstein (PSD). Melo perdeu na Justiça um pedido para retirar a propaganda eleitoral de Manuela do ar.
Manuela considera que “assim como é importante que os porto-alegrenses saibam quem são os meus aliados e aliadas, é importante que saibam quem são os aliados dele”.
Já no início do vídeo, a campanha aponta a relação de Sebastião Melo com Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão, e resgata uma declaração do adversário: “Eu dialogo sim com as pautas do governo Bolsonaro”, diz Melo.
Em seguida, é apresentada a figura de Hamilton Mourão que, ao comentar o caso do homem negro João Alberto (que foi espancado até a morte por dois seguranças brancos em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre) declarou: “Não existe racismo no Brasil”.
“Meu adversário se vitimiza dizendo que o chamei de racista e não mostra quando, nem onde. Porque isso é uma mentira. Eles entraram na Justiça e perderam”, afirma Manuela D’Ávila, em referência ao pedido de Melo na Justiça Eleitoral para que a sua propaganda fosse retirada do ar.
“O que nossa campanha afirma é que o vice-presidente Mourão, que declarou que ‘não existe racismo no Brasil’, apóia o meu adversário. Que o ex-candidato Valter, que classificou novas vereadoras e o vereador eleitos como ‘negros com pouquíssima qualificação formal’ também apóia o meu adversário”, relembra Manuela.
“Assim como é importante que os porto-alegrenses saibam quem são os meus aliados e aliadas, é importante que saibam quem são os aliados dele”.
Em seguida, Manuela convida:
“Melo, o mínimo que tu poderias fazer é dizer que não concorda com essa gente na tua campanha”.
DISPUTA JUDICIAL
Nesta quarta-feira, a Justiça Eleitoral negou pedidos de proibição de veiculação de propaganda de Manuela D’Ávila feitos por Sebastião Melo e pelo ex-candidato Valter Nagelstein (PSD).
Segundo Melo, Manuela insinuara que ele era racista ao apresentar na sua propaganda as declarações do vice-presidente Hamilton Mourão e o áudio de Nagelstein que, logo depois do primeiro turno, diz “cinco vereadores do PSOL, negros, e com pouquíssima qualificação formal”, referindo-se a parlamentares eleitos no último dia 15 de novembro.
O juiz eleitoral da 161ª Zona Eleitoral do Tribunal Regional, Leandro Figueira Martins, entendeu que não houve divulgação de fatos sabidamente inverídicos com relação às pessoas identificadas como apoiadores de Melo e que, segundo a transcrição, a propaganda eleitoral “não contém, objetivamente, a existência de qualquer ponderação de natureza ofensiva à honra e à imagem do representante”.
No caso de Melo, o juiz aponta que há “um desconforto e um descontentamento do representante com relação à crítica das representadas em função das manifestações de pessoas públicas que, no atual momento, o apoiam, envolvendo tema absolutamente sensível (discriminação racial)” e uma tentativa de “buscar uma forma de cerceamento, a partir de qualquer argumento que tenha o potencial mínimo de lhe causar alguma insatisfação”.
A posição é semelhante em relação a Nagelstein: “O que se vislumbra, inquestionavelmente, é um desconforto e um descontentamento do autor com relação à crítica das demandadas em função da sua manifestação sobre a composição da Câmara de Vereadores e que acabou envolvendo temas absolutamente sensíveis, inclusive questão racial”.