
A ministra Ana Arraes, do Tribunal de Contas da União (TCU), avó de João Campos, candidato do PSB à Prefeitura do Recife, publicou nota, classificando de “fake news” as acusações veiculadas no programa eleitoral da candidata do PT, Marília Arraes, de que seu neto a teria agredido.
“Na condição de ministra do Tribunal de Contas da União, sou impedida pela legislação de assumir posições políticas ou pessoais no processo eleitoral, no Recife ou em qualquer outro lugar. E não admito a utilização de meu nome, sobretudo em peças com viés claro de fake news, tentando prejudicar alguém da minha família. Nunca fui agredida por nem um dos meus netos, com os quais tenho uma relação de amor profundo e carinho”, escreveu a avó de João Campos, em texto publicado no site do TCU.
No programa eleitoral de Marília Arraes desta sexta-feira (27/11), foi inserido um áudio, com a intenção de atribuir a João Campos agressão à avó.
Era uma fraude. O áudio reproduz uma frase de uma entrevista de Ana Arraes ao “Blog de Jamildo”, do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação.
Porém, Ana Arraes não está se referindo a nenhuma agressão que tenha sofrido por parte de seu neto, João Campos. A frase foi inserida isoladamente, sem o conjunto de que faz parte, para passar essa falsidade.
Na verdade, o assunto é outro: a desavença política de João com um tio, que apoiou Bolsonaro e foi nomeado para a presidência da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), órgão do Ministério da Educação em Pernambuco.
Em dezembro de 2019, o deputado João Campos, na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, criticou a desastrosa gestão do infame Abraham Weintraub, ministro da Educação de Bolsonaro.
Weintraub, então, bem ao seu baixo nível moral, provocou o deputado João Campos, mencionando que um seu tio ocupava posto no governo – como se isso fosse um problema do deputado.
João Campos reagiu, mostrando seu desapreço pelo tio, que, contra toda a tradição progressista da família, apoiara um fascista, como Bolsonaro, para se abrigar no governo, debaixo de um réprobo, como Weintraub.
“Eu nem relação tenho com ele”, disse, então, João Campos, sobre esse tio. E, para enfatizar o conceito que tinha dele, disse para Weintraub: “Ele é um sujeito pior que você”.
Foi essa declaração que desgostou Ana Arraes, avó de João Campos, mãe de Eduardo Campos – mas, também, mãe do tio, Antonio Campos, que aderiu a Bolsonaro.
O comentário de Ana Arraes, na entrevista ao Blog de Jamildo, era sobre esse episódio. Nada tinha a ver com agressão de João Campos a ela. Aliás, ela mesma diz, nessa entrevista: “Sempre fui avó, né? Sou uma pessoa calma. Tenho tranquilidade para resolver as coisas”.
Entretanto, o programa na TV de Marília Arraes – aliás, no último dia da propaganda eleitoral – preferiu o caminho das fake news.
Ao publicar uma frase isolada, extraída de uma entrevista de 14 minutos, concedida por Ana Arraes em janeiro último, despejou uma falsidade sobre João Campos, como se ele tivesse agredido a sua avó.
Não é pouca a proximidade desse comportamento com aqueles métodos do bolsonarismo – isto é, do fascismo.
Aliás, como disse um jornalista pernambucano: “A peça em questão estava circulando nas redes sociais, espalhadas por páginas bolsonaristas, mas depois foi parar na campanha de rádio e TV da candidata do PT. Daí a reação da ministra nesta sexta” (v. Ana Arraes desmente e desautoriza fake news que tenta apontar João Campos como agressor, Blog de Jamildo, 27/11/2020).
Como disse a avó de João Campos:
“Não admito a utilização de meu nome, sobretudo em peças com viés claro de fake news, tentando prejudicar alguém da minha família. Nunca fui agredida por nem um dos meus netos, com os quais tenho uma relação de amor profundo e carinho”.
C.L.