Pelo menos no primeiro momento, nem os currupacos que sempre comemoram quase qualquer resultado econômico (exceto quando é positivo para o país e para o povo), ousaram festejar o resultado do Produto Interno Bruto, anunciado hoje (01/03) pelo IBGE.
Somente o sr. Meirelles, cujo limite moral é nenhum, saiu – sabe-se lá de onde – para dizer que o resultado mostra que “o crescimento é forte”.
Mas nem todo mundo é tão depravado assim. Pode ser, e é bastante provável, que, daqui a pouco, os “comentaristas” retomem plenamente a sua função de alto-falantes da reação – mas é explicável por que o branco do primeiro momento.
A indústria cresceu zero, os serviços, 0,3% (o que é a mesma coisa que zero) e a agropecuária, 13%.
O que não significa absolutamente nada, pois a participação da agropecuária no PIB foi de apenas 5,3%, inferior à do ano passado (5,7%).
Porém, é pior ainda do que esse número sugere. O crescimento da agropecuária foi devido a apenas dois produtos agrícolas: ao milho, cuja produção, em valor adicionado, cresceu 55,2%, e à soja, que cresceu 19,2%. O terceiro produto agrícola que mais cresceu foi a laranja (8,2%).
Quanto aos outros produtos agrícolas, sua variação oscilou entre a mediocridade e o desastre. Por exemplo, a cana-de-açúcar (-10,5%) e o café (-8%) afundaram.
Assim, temos um país que nem mesmo é especializado na produção de sobremesas – como dizia Getúlio Vargas sobre a República Velha. Parece, se essa política econômica fosse mantida, que caminhamos para nos especializarmos em produzir comida para as galinhas e porcos da China ou dos EUA.
O resultado global do PIB, de 1%, é inferior à taxa de crescimento anual da população (1,2%).
Isso, mais ainda considerando os resultados dos últimos anos – 2014 (0,5%, o que é zero), 2015 (-3,5%), 2016 (-3,5%) -, significa, para usar uma expressão rude, mas aqui necessária para expressar a verdade, que estamos em um buraco, onde nos enfiaram a política do PT e de Temer.
A maior expressão desse buraco são os milhões de desempregados, a miséria na cidade e no campo, a escravidão e o desamparo dos trabalhadores, a falência das empresas nacionais.
O investimento das empresas continuou a cair pelo quarto ano consecutivo (-1,8%). Expresso pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – as despesas com compras de máquinas e equipamentos, assim como construções –, o investimento está caindo, sem interrupção, há 45 meses.
Como resultado, a taxa de investimento (FBCF/PIB) caiu para 15,6%, a mais baixa de toda a série atual do IBGE.
Somente para comparação, aqui estão as taxas de investimento de alguns países em 2017:
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China: 44%;
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Irã: 36,5%;
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Indonésia: 34%;
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Coreia do Sul: 32%;
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Índia: 30%;
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Malásia: 25,5%;
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Bielorrússia: 24,6%;
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Rússia: 24% (cf. IMF, World Economic Outlook Database).
Nossa economia tem hoje a 153ª taxa de investimento do mundo, em 174 países.
O grau de industrialização da economia é tão baixo, em relação ao tamanho do país, que a participação da indústria de transformação – o setor decisivo para o crescimento e para o aumento da renda – no PIB caiu, em 2017, a 11,8%, a mais baixa desde que esse indicador é apurado.
Como o leitor pode sentir, um país que tem como ministro da Fazenda um sujeito que chama isso de “crescimento forte”, só tem uma coisa a fazer: mudar o ministro e o governo. Depois, submeter os membros dessa quadrilha a um tribunal, por crimes contra o país.
C.L.