O Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) divulgou, na segunda-feira (30), o aumento da área desmatada na floresta amazônica em 9,5% entre os meses de agosto de 2019 e junho de 2020. Ao todo, foram derrubados 11.088 km² de floresta nesse intervalo de tempo.
De acordo com o Inpe, esse é o maior aumento de desmatamento registrado em 12 anos. Em 2008 foram 12.911km² de desmate.
Entre o período de agosto de 2018 a julho de 2019 foi registrado um aumento de 34%, contudo, quando levada em consideração a área desmatada, o período registrou um aumento de 10.129 km², cerca de 1.000 km² a menos do que o divulgado na segunda-feira.
Os dados divulgados na segunda-feira são os primeiros relacionados apenas ao período do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O Pará lidera o desmatamento com 46,8% do desmate no bioma. Em seguida, aparecem o Mato Grosso, com 15,9%, e o Amazonas, resposável por 13,7% da destruição no período.
Para o vice-presidente da República e presidente do Conselho da Amazônia, Hamilton Mourão (PRTB), esse aumento não foi tão ruim, pois o governo chegou a prever 20% de aumento no período.
“Vamos dizer o seguinte: foi menos pior. Essa é a realidade. Podia ser pior ainda. […] A expectativa que nós tínhamos, inclusive já tinha até sido publicada, é que ia dar 20% acima do ano passado, então, deu 9,5%”, explicou.
O Conselho da Amazônia é um órgão criado pelo governo para coordenar as ações federais na floresta como tentativa de dar uma resposta às críticas da comunidade internacional sobre a atuação, melhor dizer não atuação, da gestão Bolsonaro na preservação da Amazônia.
A divulgação foi feita na sede do Inpe e contou com a presença de Mourão e do ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, não participou.
O aumento expressivo apontado pelo Programa de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES) ocorre mesmo com a presença da Operação Verde Brasil do Exército na floresta. O resultado ainda é parcial, os valores finais devem ser apresentados em 2021. “Não estamos aqui para comemorar nada disso, porque isso não é para comemorar”, afirmou Mourão.
“O resultado provisório do Prodes significa que nós temos que manter a impulsão do nosso trabalho na busca constante para a redução dos índices de desmatamento. É chegar o momento em que o único desmatamento que ocorra na região da Amazônia seja aquele que esteja compreendido pela nossa legislação. Ou seja, aquele de uma propriedade que tenha direito a desmatar 20%, então é só esse desmatamento que pode ocorrer.”, continuou.
Ao contrário do que se desenhava até aqui, com o governo desarticulando as políticas de fiscalização, Mourão chegou a fazer um aceno para as autoridades ambientais como o Ibama, que têm sido alvo constante de Bolsonaro e de Ricardo Salles, desde antes de sua posse como presidente.
“Vamos prosseguir, nesse nosso trabalho, usando ciência, usando a tecnologia, com inovação e com isso apoiando os trabalhos das entidades responsáveis pela fiscalização ambiental”, disse o presidente do Conselho da Amazônia.