O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que integrou a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, publicou um artigo defendendo uma “revolta popular pela vacina, pela responsabilidade, por testagens e por medidas profiláticas que nos tirem desse lodaçal em que o combate mal administrado da pandemia por um governo obscurantista nos meteu”.
“Vamos nos revoltar. Se não for contra a corrupção desenfreada que a Operação Lava Jato revelou, e que continua com os mesmos partidos no poder, que seja contra a incapacidade de Jair Bolsonaro de enfrentar com dignidade o fato de que sempre esteve errado em relação à Covid-19”, disse Lima.
No artigo, que foi publicado no UOL, o procurador aposentado criticou os ataques feitos por Bolsonaro às vacinas, como a CoronaVac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório Sinovac, da China, e sua defesa do uso da cloroquina e ivermectina contra a Covid-19.
“A colocação de dúvidas quanto às vacinas, a insistência na defesa de inócuos remédios para vermes e a ausência de um plano detalhado, competente e proativo para a compra e distribuição dessas vacinas estão colocando a vida dos brasileiros em perigo por mais um ano”.
O autor diz que “temos que nos revoltar por não termos tido a sensatez de buscar alternativas diversas para o fornecimento de vacinas”.
“Não se trata de uma gripezinha, e mesmo com todas as dificuldades que a pandemia impõe, cabe a ele como governante eleito enfrentar a adversidade”.
“Precisamos escapar dessa indiferença e anemia moral. Diversos países do mundo começam neste mês a vacinar sua população. Reino Unido, Estados Unidos, boa parte da Europa, Rússia e China largam novamente na frente na corrida por livrarem seus países dessa crise”, mostrou.
Para Carlos Fernando Lima, que integrou a Lava Jato entre 2014 e 2018, “não é mais possível admitir sem aversão e nojo as manifestações desse governo”.
“A fala de Pazuello sobre a “prova” de que as aglomerações da campanha eleitoral não causaram aumento dos casos de covid-19 só pode ser entendida como mais um lamber das botas de Bolsonaro e de políticos irresponsáveis. Pazuello não somente se mostrou inconsequente, como também demonstra não ter capacidade para o cargo que ocupa. Aliás, nem sequer serve para a logística de um batalhão, pois certamente iriam descobrir no meio de uma guerra que ele deixou a munição vencer”, continuou.
“Não que tenhamos todos de ser vacinados num primeiro momento. É claro que profissionais de saúde, idosos, presos, pessoas com comorbidade e professores devem estar entre os primeiros. Mas queremos a vacinação o mais rápido possível e com todas as opções tecnicamente viáveis”.
“Tenho certeza que uma dose de vacina custa menos que meio auxílio emergencial. Repetir o desastre econômico deste ano não é uma opção”, argumentou.
O artigo aponta que “temos que voltar a nos manifestar. Vamos bater panelas, vamos buzinar, vamos gritar que queremos nossos idosos vacinados. Que desejamos que as aulas recomecem com professores e servidores vacinados. Que esperamos que pessoas com comorbidade tenham condições de lutar por suas vidas sem se preocuparem com mais uma ameaça. Que os presos sejam tratados com dignidade e, mesmo que obrigados a conviver em condições de restrição de liberdade insalubres, sejam vacinados. Que todos os que desejam tomar uma vacina, enfim, tenham condições de serem vacinados ainda em 2021”.
“Precisamos voltar a trabalhar, estudar e conviver e a única forma é a vacinação imediata e para a maior quantidade possível de brasileiros. Revoltemo-nos para que isso aconteça”, concluiu.