Começou nesta terça-feira (8) a vacinação em massa na Grã Bretanha, que nas próximas semanas irá imunizar 800 mil pessoas com mais de 80 anos, moradores e funcionários de casas de repouso de idosos e profissionais de saúde na linha de frente. A primeira a ser vacinada foi Margareth Keenan, que fará 91 anos na próxima semana e considerou a vacina “o melhor presente antecipado”. 70 hospitais participam dessa fase inicial.
“Sinto-me muito privilegiada por ser a primeira pessoa vacinada contra a Covid-19”, disse idosa. “É o melhor presente de aniversário antecipado que eu poderia desejar porque significa que posso finalmente esperar passar um tempo com minha família e amigos no Ano Novo, depois de estar sozinha na maior parte do ano”, acrescentou. Ela recebeu a primeira dose no Hospital Universitário de Coventry, região central da Inglaterra.
A segunda dose será aplicada em 21 dias. “Meu conselho a qualquer um a quem seja oferecido a vacina é que a tome. Se eu posso tê-la aos 90 anos, então você também pode”, acrescentou.
A vacinação na Grã Bretanha está utilizando a vacina desenvolvida pela empresa alemã de biotecnologia BioNTech em parceria com a farmacêutica norte-americana Pfizer, cuja primeira remessa chegou na sexta-feira (4). Cerca de quatro milhões de doses são esperadas até o final do mês.
A vacina britânica, a Oxford/AstraZeneca, sofreu contratempos nos testes clínicos quanto à eficácia, mas ainda é parte central dos planos do governo de Londres para debelar a pandemia – inclusive por poder ser armazenada em refrigeradores comuns.
Ao todo, Londres encomendou 40 milhões de doses da vacina da Pfizer/BioNTech, o que corresponde a 20 milhões de pessoas vacinadas, já que o imunizante é em duas doses. As autoridades sanitárias britânicas aprovaram a vacina da Pfizer para uso emergencial na semana passada. De acordo com os estudos da fase 3 dos testes do imunizante, a eficácia é de 95% e não se verificaram efeitos colaterais graves nos voluntários.
Ao visitar um hospital em Londres para ver de perto a imunização contra a Covid-19, o primeiro-ministro Boris Johnson disse que ser vacinado “é bom para você e bom para o país inteiro”. Ele agradeceu ao Serviço Público de Saúde (NHS) – o SUS britânico – e a todos os cientistas “que trabalharam tão duro para desenvolver esta vacina”, aos voluntários e a “todos que têm estado seguindo as regras para proteger outros”.
Até agora, mais de 60 mil pessoas morreram no Reino Unido em decorrência da infecção por covid-19, segundo dados oficiais.
O ritmo de vacinação até o final do ano será mais lento do que o inicialmente esperado, devido a problemas na fabricação do imunizante, com a meta cortada pela metade, de acordo com a BBC.
Em função da exigência de temperatura de conservação de abaixo de -70º C (mais frio que a Antártida), a logística exigida é complexa. Containeres refrigerados com a vacina da Pfizer/BioNTech têm chegado ao Reino Unido nos últimos dias oriundos da Bélgica, onde são fabricados, e distribuídos pela cadeia de resfriamento montada em território britânico. As vacinas são armazenadas em embalagens com 975 doses cada e não podem ser divididas em lotes menores.
A vacina da BioNTech/Pfizer usa uma tecnologia inovadora, chamada de RNA mensageiro, que introduz no organismo da pessoa a ser imunizada uma cópia de parte do código genético do coronavírus, uma proteína, para desencadear a produção de anticorpos.
No sábado, a Rússia havia iniciado a vacinação de massa por Moscou com sua vacina Sputnik V. A Rússia pretende vacinar 2 milhões de pessoas ainda em dezembro, e já vacinou 100 mil. Na sexta-feira (11), a Turquia começará a imunização em massa com a vacina chinesa Coronavac. Outros países anunciaram planos para iniciar a vacinação, como a Alemanha. Uma centena de vacinas está em fase de testes clínicos no mundo inteiro, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS.