Contradiz o direito à vida e à segurança e prejudica a indústria nacional
O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin suspendeu, nesta segunda-feira (14), a decisão do governo federal de zerar a alíquota do imposto de importação de revólveres e pistolas.
Ao atender o pedido do Partido Socialista Brasileiro (PSB) na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 772, Fachin assinalou que os efeitos extrafiscais da redução a zero da alíquota contradizem o direito à vida e à segurança.
Segundo o ministro, embora o presidente da República tenha a prerrogativa para a concessão de isenção tributária no contexto da efetivação de políticas fiscais e econômicas, a opção de fomento à aquisição de armas por meio de incentivos fiscais encontra obstáculo na probabilidade de ingerência em outros direitos e garantias constitucionalmente protegidos.
Na decisão, Fachin diz que “o risco de um aumento dramático da circulação de armas de fogo, motivado pela indução causada por fatores de ordem econômica, parece-me suficiente para que a projeção do decurso da ação justifique o deferimento da medida liminar [decisão provisória]”.
Fachin ressaltou que a segurança dos cidadãos deve primeiramente ser garantida pelo Estado. “É possível concluir que não há, por si só, um direito irrestrito ao acesso às armas, ainda que sob o manto de um direito à legítima defesa. O direito de comprar uma arma, caso eventualmente o Estado opte por concedê-lo, somente alcança hipóteses excepcionais, naturalmente limitadas pelas obrigações que o Estado tem de proteger a vida”, argumentou o ministro.
Segundo Fachin, a iniciativa tem grave impacto na indústria nacional, sem fundamentação juridicamente relevante para isso. Há significativo risco, portanto, de desindustrialização de um setor estratégico para o país no comércio internacional.
“É inegável que, ao permitir a redução do custo de importação de pistolas e revólveres, o incentivo fiscal contribui para a composição dos preços das armas importadas e, por conseguinte, perda automática de competitividade da indústria nacional; o que afronta o mercado interno, considerado patrimônio nacional”, ressaltou o ministro.
Na semana passada, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara do Comércio Exterior (Gecex), ligado ao Ministério da Economia, zerou a alíquota de importação de revólveres e pistolas, antes fixada em 20%.
Com informações do Supremo Tribunal Federal