“Crescimento verificado no 3º trimestre não teve continuidade em outubro”, diz FGV
A economia brasileira cresceu 0,6% em outubro na comparação com setembro, segundo divulgou o Monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas (FGV) na quarta-feira (16), mas continua sem recuperar as perdas provocadas pela pandemia. No acumulado do ano até outubro, na comparação com o mesmo período de 2019, a queda é de -2,7%, e no trimestre móvel findo em outubro, o recuo é de -3,1%.
“O forte crescimento de 7,7% da economia brasileira no 3º trimestre, reverteu, em parte, a forte retração de 9,7% registrada no 2º trimestre deste ano. No entanto, este crescimento não teve continuidade em outubro, que apresenta a menor taxa mensal desde a forte retração de abril. A tendência da economia parece ser retomar às incipientes taxas mensais do início do ano, pré-pandemia” , afirma Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV.
Em abril, na comparação com março, o Monitor do PIB registrou um tombo de 9,3% na economia e só a partir de maio começou a mostrar taxas positivas, após as medidas aprovadas pelo Congresso Nacional, como a renda emergencial de R$ 600.
Das doze atividades desagregadas que compõem o PIB, apenas seis apresentaram variação positiva, tanto em relação ao mês anterior, como na comparação interanual.
Segundo Considera, estes resultados são reflexo do fraco desempenho dos dois principais componentes da demanda: o consumo das famílias e a formação bruta de capital fixo.
O consumo das famílias recuou 4,4% no trimestre móvel terminado em outubro, em comparação ao mesmo trimestre de 2019. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 4,5% na mesma comparação. O componente de máquinas e equipamentos segue sendo o de maior retração (-8,6).
“Mesmo com a flexibilização das medidas de isolamento e pequena melhora dos setores de alojamento, alimentação, serviços prestados às famílias, educação e saúde, o crescimento observado ainda é insuficiente para trazer o consumo para o plano positivo”, avalia Considera.
O economista destacou que “os produtos não duráveis e duráveis consumidos pelas famílias foram favorecidos pelo auxilio emergencial e pelo comércio virtual, mas serviços continuam travando a economia”.
Sobre os investimentos, os desempenhos dos componentes da Formação Bruta de Capital Fixo estão negativos, “em particular da construção que se compõe principalmente de moradias e obras públicas”. A FBCF recuou 1,1% em outubro ante setembro e na comparação com outubro do ano passado, a queda é de 1%.
O Monitor do PIB-FGV estima mensalmente o Produto Interno Bruto brasileiro em volume e em valor, tendo como base a mesma metodologia das Contas Nacionais do IBGE, responsável oficial pela divulgação do PIB.